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Projeto incentiva que brasileiros convidem refugiados para ceia natalina

15:25 | Dez. 09, 2016
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia
[FOTO1]O Brasil tem 8.863 refugiados, vindos de 79 países, enquanto mais de 28 mil aguardam reconhecimento. Os dados, divulgados neste ano pela Organização das Nações Unidas no Brasil (ONUBR), fazem parte do relatório publicado pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Integrar essa população não é tarefa fácil.
 
Quem vive essa realidade entende que a integração social dos imigrantes é necessária. Vítimas de preconceito e até mesmo falta de oportunidades de trabalho, os refugiados trazem família, bagagem cultural e sonhos. E é visando esse encontro de diferentes culturas com os brasileiros que nasce o projeto Meu Amigo Refugiado.
 
Realizado pela Migraflix, plataforma que promove a inclusão social de imigrantes e refugiados a partir de workshops ministrados por eles para os brasileiros, o projeto reúne histórias de pessoas de diversos países e incentiva convite para a ceia natalina.
 
O argentino Jonathan Berezovsky, fundador e diretor da Migraflix, diz que a ideia do encontro é o aprendizado mútuo. "Os refugiados vão para a casa dos brasileiros por uma noite para conhecer a comida brasileira, os hábitos. E os brasileiros vão conhecer a cultura e a culinária do país que vem o refugiado porque cada um vai levar um prato típico do seu país", explica.
 
Estão registrados no Meu Amigo Refugiado 40 pessoas de diversos países, a exemplo de Síria, Colômbia, Angola, República Democrática do Congo e Cuba.
 
Morando em São Paulo há quase três anos, Berezovsky morou em Tel Aviv, em Israel, antes de vir para o País. "Fiz parte de uma ONG que emponderava refugiados, principalmente norte-africanos do Sudão", lembra. Tentando repetir a ideia no Brasil, Jonathan encontrou "obstáculos jurídicos" e acabou tendo que criar outras formas de fazer o plano funcionar. Surgiu então a Migraflix.
 
As histórias de quem chega
 
Dinâmico, o site do projeto faz um perfil de cada refugiado cadastrado. Assim, pessoas interessadas em fazer o convite para a noite de Natal conhecem a história de como os imigrantes chegaram ao Brasil.
 
Um desses personagens é Anjila, de 17 anos. Nascida em Damasco, capital da Síria, vive em São Paulo há nove meses, quando chegou no Brasil. "Sinto que algumas pessoas têm medo da gente porque só sabem o que veem na televisão. Não conhecem a gente de verdade", desabafa no perfil.
 
A nigeriana Temi estava tentando chegar em Trinidade e Tobago quando, em uma conexão no aeroporto de Guarulhos, foi informada que não poderia seguir viagem por estar grávida do seu filho Isaac, hoje um brasileirinho de quase 3 anos. O pai de garoto chegou há um ano, quando conseguiu emprego de auxiliar administrativo. "Estamos trabalhando duro para juntar dinheiro e trazer nossos três filhos que ainda estão lá", conta.
 
Fazer a integração dessas histórias com a nossa cultura não será uma ação exclusiva do período natalino. Conforme o diretor do projeto, a ideia é promover encontros mensalmente a partir do próximo ano.
 
"Não é que a iniciativa seja importante só para mim, mas é importante para a sociedade brasileira, assim como é para qualquer país. É importante que eles possam fazer parte da sociedade", diz Jonathan Berezovsky. "São pessoas que chegaram no país há pouco tempo com outra cultura e a única forma de realizar integração é a partir do encontro". 
 
 
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