Participamos do

Professor processa livraria e cliente por intolerância religiosa

08:49 | Dez. 07, 2016
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

O professor de sociologia do Instituto Federal de Educação da Bahia Leonardo Rangel processou a Livraria Vozes, no Rio de Janeiro, e uma cliente do estabelecimento por intolerância religiosa que sofreu dentro da livraria, na Rua Gonçalves Dias, no centro, na sexta-feira passada, 2.

Em viagem a trabalho na capital fluminense, o professor baiano lamentou ter sido vítima desse tipo de crime em uma cidade que considera a “mais linda do mundo, com pessoas hospitaleiras e acolhedoras”. Rangel contou que estava na livraria quando uma senhora começou a agredi-lo ao descobrir que era candomblecista.

“Quando viu minha conta de Ogum no pescoço, ela disse cruz-credo e saiu de perto de mim. Mas continuou falando por uns dez minutos que esta religião não prestava, que era coisa do diabo”, contou ele.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Nunca tinha sofrido esse tipo de preconceito. Mas fiquei quieto esperando para pagar o meu livro. Finalmente, ela disse que gente como eu deveria ser proibida de entrar na loja. Vá no lugar onde eles ficam para ver como será tratada”, narrou a vítima.

O professor informou à senhora que intolerância religiosa é crime. “Ela debochou dizendo que estava morrendo de medo e até tremendo”.

Na ocasião, Leonardo Rangel ressaltou que os funcionários pareciam conhecer a cliente, que os tratava com intimidade, e que em nenhum momento ela foi interpelada por alguém da livraria para que cessasse com as agressões.

A decisão de denunciar o crime às autoridades não foi fácil, contou. “No dia fiquei sem reação. Só fiz o boletim de ocorrência no dia seguinte. Sou tímido, resguardado, mas não poderia me calar", disse.

No sábado, 3, ele procurou o advogado Hélio Silva, especialista neste tipo de crime. Hélio Silva solicitou judicialmente que a agressora seja responsabilizada na área penal, e que a Livraria Vozes seja cobrada administrativamente, com pedido de cassação do alvará de funcionamento, com base na Lei Estadual 6.483/13, e na área cível, com pedido de indenização por danos morais. A Polícia vai tentar identificar a cliente acusada de agressão pelas câmeras de segurança da livraria.

Leonardo espera que seu ato sirva de exemplo para outras vítimas e que as denúncias ajudem a inibir este tipo de crime. “A intolerância tem crescido muito, inclusive, contra as religiões de matriz afro-brasileira. Se me calasse, estaria compactuando com isso. Estou fazendo minha função social enquanto educador, enquanto adepto do candomblé, e espero que a justiça seja feita para que os culpados arquem com as consequências do crime que cometeram”, completou.

A assessoria de imprensa da Editora Vozes lamentou que o caso tenha ocorrido em loja da empresa, e informou que tomará as devidas providências. “Reforçamos que o nosso trabalho vem sendo pautado pelos propósitos e valores expressos em nossa missão e todos os nossos produtos e serviços estão coerentes com a mesma”, diz a nota de posicionamento da Vozes.

Agência Brasil

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente