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Maioria culpa mulheres pela motivação de agressões sexuais, diz pesquisa

17:29 | Mar. 27, 2014
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"Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”, concordaram, total ou parcialmente, 58,5% dos 3.810 entrevistados no estudo ''Tolerância social à violência contra as mulheres'', realizado em maio e junho de 2013 pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado nesta quinta-feira, 27. As mulheres representaram 66,5% do universo de entrevistados, que foram questionados se concordavam ou não com frases sobre o tema.

A pesquisa aponta ainda que 65% dos entrevistados concordam com a afirmação: "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Dessa forma, a violência contra a mulher pode ser encarada ''como uma correção. A mulher merece e deve ser estuprada para aprender a se comportar. O acesso dos homens aos corpos das mulheres é livre se elas não impuserem barreiras, como se comportar e se vestir 'adequadamente'".

No levantamento, 91% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que "homem que bate na esposa deve ir para a cadeia"; 78% concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas; 63% concordaram que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”; 89% tenderam a concordar que "a roupa suja deve ser lavada em casa"; e 82% que "em briga de marido e mulher não se mete a colher".

O estudo considera paradoxal o fato de parte expressiva dos entrevistados concordarem que "em briga de marido e mulher não se mete a colher" e ao mesmo tempo concordarem com a prisão do marido violento, o que pode ser entendido como intromissão da "colher" do estado na briga do casal, tornando pública a "lavagem de roupa suja".

A aparente contradição se desfaz, segundo a pesquisa, quando os entrevistados mostram que aderem “majoritariamente a uma visão de família nuclear patriarcal, ainda que sob uma versão contemporânea. Nessa visão, embora o homem seja ainda percebido como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”. Quase 64% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, que o “homem deve ser a cabeça do lar”. Ao mesmo tempo, 89% discordam da afirmação de que “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”.

A pesquisa também traz dados em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. 51,7% dos entrevistados concordaram, total ou parcialmente, com a afirmação de que “casamento de homem com homem ou de mulher com mulher deve ser proibido”; 40,5% discordaram, total ou parcialmente da afirmação de que “Casais de pessoas do mesmo sexo devem ter os mesmos direitos dos outros casais”. Os jovens apresentaram maior tolerância à homossexualidade no estudo. Considerando a religião dos entrevistados, os evangélicos foram o grupo mais intolerante à homossexualidade.

Redação O POVO Online

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