RIO DE JANEIRO, 14 Ago 2012 (AFP) - A gigante do petróleo brasileira, Petrobras, confirmou na noite da última segunda-feira a presença abundante de petróleo leve de boa qualidade em Carcará, em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, a 230 km das costas do estado de São Paulo.

A descoberta de petróleo neste poço do pré-sal, 4-SPS-86B, localizado no bloco BM-S-8, havia sido anunciada em 20 de março, e desde então ele tem sido perfurado para "determinar a espessura total dos reservatórios portadores de petróleo, assim como a presença de zonas de interesse mais profundas", disse a empresa.

"O poço, ainda em perfuração, já confirmou uma coluna maior que 400 metros de petróleo, caracterizada principalmente por reservatórios contínuos e conectados", disse a Petrobras.

O anúncio é promissor, mas ainda são desconhecidas as reservas reais de Carcará e quanto petróleo seria possível extrair, disse à AFP o especialista em petróleo, Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura.

"As perfurações ainda não foram concluídas. (...) Essa é uma boa notícia, mas a confirmação está longe. A coluna é grande, mas ninguém sabe quais são as reservas comprovadas. É uma notícia no campo da especulação", afirma Pires.

O especialista recorda que este mês a Petrobras culpou parte de suas perdas líquidas do segundo trimestre do fechamento ou abandono de 41 poços perfurados entre 2009 e 2012, que se mostraram economicamente inviáveis, um número alto para os padrões da empresa.

Sobre o poço em questão, a Petrobras disse que "foram coletadas novas mostras de petróleo até uma profundidade de 6.131 metros, que comprova a boa qualidade do petróleo".

Este poço é operado por um consórcio integrado por Petrobras (66%) junto à filial brasileira da portuguesa Petrogal (14%), Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás Ltda. (10%) e Queiroz Galvão Exploração e Produção S.A. (10%).

O Brasil descobriu no final de 2006 gigantescas reservas de petróleo - que podem chegar a 100 bilhões de barris segundo estimativas do governo - localizadas a seis km abaixo do solo marítimo frente a suas costas, sob uma espessa capa de sal. Estas jazidas são conhecidas como "pré-sal".

A Petrobras e o governo brasileiro - acionista majoritário da estatal petroleira - realizam multimilionários investimentos para acelerar a exploração e a produção do pré-sal e tem a meta de mais que duplicar sua produção petroleira para 2020, dos atuais 2 milhões de bep/d a 4,2 milhões de bep/d. Menos de 10% da produção de petróleo provém atualmente do pré-sal.

As reservas comprovadas de petróleo da Petrobras foram elevadas a 16,412 bilhões de barris equivalentes (bep) no final de 2011.