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Coração que fala pelas mãos há várias gerações

Com ou sem o objetivo de gerar renda, o artesanato conecta pessoas, exercita os movimentos e a mente. Também tem sido a opção de muitos cearenses para se manterem mais ativos na terceira idade
01:30 | Mar. 27, 2017
Autor O POVO
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Na família de Laura Costa, 68, o talento para trabalhos manuais vem de muitos anos. O barulhinho do bater dos bilros que vinha da renda que a avó paterna fazia em casa ainda ressoa até hoje como uma lembrança vívida da infância. A avó materna era exímia no crochê. E a mãe desde muito cedo lhe ensinou os primeiros pontos do bordado.

E foi em meio a este universo da arte do fazer com as mãos que enfeitava a casa, que Laura também se conectava aos dez filhos, aos amigos e a si própria.

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“Fazer estes trabalhos artesanais para mim é uma maneira de expressar o que tem dentro da gente. Tem uma frase que gosto muito: a arte é como um coração que fala com as mãos”.

Hoje, já sem a obrigação dos afazeres diários e da criação dos filhos, a atividade ganhou um novo significado: existe a “Feito pra tu”, vitrine montada no ano passado nas redes sociais, que exibe as produções dela e de mais três filhos.

O leque de produtos é variado: mandalas, caixinhas de madeiras, panos de prato, garrafas decoradas e ovos de chocolate artesanais.

“É a atividade a que dedico a maior parte do meu tempo. E eu adoro, porque preenche a vida. Ao invés de pensar em coisas tristes, estou aqui ativa, me sentindo capaz, fazendo coisas bonitas, que as pessoas gostam e que me realiza”.

O artesanato também marcou o recomeço de Eunice Montezuma, hoje com 77, após uma vida inteira dedicada ao serviço público. Há doze anos, quando se aposentou, ela decidiu dedicar boa parte do tempo livre ao trabalho voluntário.

No início ensinava gestantes a fazer enxoval de bebê. Depois, passou a ensinar bordado para outros idosos no Atelier Viver com Arte, projeto social que toca junto com as amigas no Centro Espírita de Fortaleza.

“Deus me livre ficar só em casa assistindo novela. Eu não me sinto com a idade que tenho e quero mais é estar na rua, com os amigos, ensinando as pessoas, comemorando o que é importante”, diz.

O trabalho não lhe traz renda para casa, todo dinheiro arrecadado pela venda dos produtos é revertido no próprio projeto e no centro, mas lhe dá em dobro amigos, disposição física e aprendizado.

“Me ajuda demais. Costumo dizer que é quase uma terapia de grupo, lá a gente conversa, se diverte e aprende muito”.

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