Líderes indígenas do nordeste se reúnem em roda de conversa online

O evento foi transmitido pelo Youtube e contou com a participação cinco líderes indígenas do Ceará e nordeste, dentre elas, Cacique Pequena. No evento, elas recordaram momentos de resistência

Em alusão ao dia internacional da mulher, a Associação de Mulheres Indígenas no Ceará (Amice) promoveu uma live na noite de segunda, 8, que reuniu lideranças femininas dos povos Tapeba, Pitaguary, Pankararu, Tremembé e Jenipapo-Kanindé. Na conversa, elas recordam a resistência das mulheres indígenas na luta pela conquista das terras de seus povos, além da defesa de direitos básicos. 

 

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Estiveram presentes Marciane Tapeba, vice coordenadora da Amice; Cacique Pequena do Povo Jenipapo-Kanindé e Mestra da Cultura; Dona Raimunda, Pajé do Povo Tapeba e Mestra da Cultura; Madalena, Cacique do Povo Pitaguary; Elisa Urbano Ramos do Povo Pankararu e Coordenadora do Departamento de Mulheres Indígenas da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas e Espírito Santo (Apoinme) e Adriana Tremembé Liderança do Povo Tremembé da Barra do Mundaú.

Cacique Pequena relembrou os percalços que já passou ao longo dos 26 anos como liderança indígena do povo Jenipapo-Kanindé. Numa viagem a Minas Gerais em 1995, ela lembra para as colegas das "piadas"que levou ao se apresentar como liderança feminina. Na ocasião, havia 39 caciques homens e apenas Pequena de mulher. Ela conta que ouviu que "Cacique é só homem de potência e não era nem todo homem que podia desempenhar esse papel", ao que retrucou, "Eu fui eleita pelo meu povo, não foi por família não. Minha força vem do alto, da mata e da natureza e eu mostrei pra eles que eu ia sim cumprir aquilo para que meu povo me elegeu. [...] Nós, mulheres, precisamos de sabedoria e coragem para não esmorecer", contou no encontro.

Recentemente Pequena teve sua trajetória homenageada em uma campanha global da Google. "Eu peguei essa luta muito nova e construí minha família dentro dela e quanto mais conhecimento eu tive mais eu sabia que essa luta era pra mim, Cacique Pequena." conta a líder indígena sobre a luta por reconhecimento de sua terra, pontuando a responsabilidade deixada para as filhas.

A pernambucana Elisa, pontuou a importância da tradição oral para o ensinamento das futuras gerações: "Nós estamos caminhando na construção de uma agenda para nós mulheres, pois ao longo da história do movimento indígena pouco se fala da agenda das mulheres. As mulheres são lembradas no movimento pra fazer comida e enfeitar o ambiente e não é, nós temos uma agenda a ser cumprida, temos questões pra trazer pra pauta do dia. Nossas lideranças masculinas não podem reproduzir a lógica do colonizador", pontuou a coordenadora do departamento de mulheres da Apoinme.

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