"Pivete da foto no jornal O POVO" lança livro de imagens de bairro de Fortaleza

Nascido e criado na Serrinha, o fotógrafo Yuri Juatama, de 28 anos, lançou o fotolivro “Serrinha, luz e cores”, retratando o bairro, sua população, suas relações e seus aspectos, a partir da fotografia. O bairro, localizado na periferia de Fortaleza, foi o palco do início desse projeto, quando, em 2018, Yuri resolveu, despretensiosamente, tirar uma foto do apagão, que atingiu as regiões Norte e Nordeste em março daquele ano, no seu bairro. A foto foi enviada e publicada pelo O POVO a partir da hashtag "vocefotografo”, onde o veículo recebia imagens dos leitores e publicava na página do instagram. No outro dia, a comunidade já o cumprimentava como “o pivete da foto que foi bater no jornal O POVO”.

A partir do reconhecimento, que não se limitou a população do bairro, o jovem fotógrafo enxergou ali a oportunidade de contar sua história. “Ali eu percebi uma potencialidade que eu podia trabalhar em cima, e aí eu comecei a me interessar pelo projeto. E essa foto que me fez, porque ela que me tornou artista de alguma forma", explica Yuri.

O projeto do livro se deu a partir do VIII Edital das Artes, da Secretaria Estadual de Cultura, em 2019. Ele conta que a ideia do projeto é mostrar o lado belo do seu bairro. Yuri conta que as pessoas estão acostumadas a conhecer Fortaleza pelos pontos turísticos e lugares de paisagem, “Eu pensei em produzir paisagens na Serrinha, pensei em lugares historicamente relevantes pra mim no bairro e fui fotografando, mas não é só sobre beleza que eu quero falar”, explica o artista. O livro é fruto de três anos de trabalho e possui 40 imagens.

A estética noturna do trabalho foi guiada a partir da foto do apagão. “Normalmente eu ia pro centro, pro litoral fotografar e é uma coisa que a gente vê muito nos cursos, nos livros. Eu aproveitei que no apagão ninguém me via, porque eu tinha vergonha de aparecer com a câmera na frente das pessoas, e aproveitei a oportunidade", explicou Yuri sobre o processo de captação da imagem.

Através do simbolismo das fotos, ele conta a história da diáspora das pessoas que vêm do interior e ocupam bairros da periferia da cidade. “Eu sinto que a favela é um pouco da extensão do interior que as pessoas que vêm trazem pra capital. As bodegas, por exemplo, são símbolos de como a economia funciona na periferia. E a bodega é esse lugar de comércio local, mas também é um território de afetos, lazer, conversas. A forma como as pessoas daqui enfrentam as adversidades e buscam maneiras de viver é algo que está presente", explica.

Yuri não teve oportunidade de frequentar espaços culturais quando era mais novo e foi a fotografia que virou instrumento de investigação dos espaços do bairro. Na época da imagem, em 2018, ele tinha acabado de comprar a câmera. A formação em fotografia passou por vários equipamentos culturais do Estado, como o Cuca, O Centro Cultural Bom Jardim, o Porto Iracema e, atualmente, na Vila das Artes.

E o projeto não para por aí. Juatama pretende expandir a partir de outras perspectivas, mas sempre no objetivo de dar continuidade a exaltação da identidade do bairro. Devido a Serrinha ser uma área central, próximo de outros bairros, como Parangaba, Montese e Itaóca. A ideia é continuar fazendo registros dos afetos que permeiam esses lugares.

Serviço

O fotolivro “Serrinha, Luz e cores” está disponível para compra através do perfil @serrinhaluzecores no instagram pelo valor de 30,0

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