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Melhor professor do mundo trabalha na zona rural do Quênia e usa 80% do salário em ajuda a alunos pobres

Professora de São Paulo estava entre os dez professores finalistas do prêmio
22:03 | Mar. 24, 2019
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Um queniano foi considerado o melhor professor do mundo, um prêmio dotado de um milhão de dólares que foi entregue neste domingo em Dubai, informaram os organizadores.

Peter Tabichi, 36 anos, é membro da ordem religiosa dos franciscanos e professor de matemática e física na zona rural e gasta 80% de seu salário para ajudar seus alunos desfavorecidos, disse a Fundação Varkey, que concede o prêmio.

"Sua dedicação, trabalho duro e fé no talento de seus alunos permitiram que sua escola, em área rural e com poucos recursos, ganhasse o Prêmio de Melhor Escola em Competências Nacionais de Ciências Interescolásticas", explicaram os organizadores.

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"Estou aqui apenas pelo o que os meus alunos conseguiram (...) Este prêmio lhes dá uma chance", disse ele ao receber o prêmio Tabichi, que foi um dos 10 finalistas desta quinta edição do prêmio.

A cerimônia foi apresentada este ano pelo ator australiano Hugh Jackman.

O concurso é patrocinado pela Fundação da família de origem indiana Varkey, que chegou nos anos 1950 nos Emirados Árabes Unidos - na época um protetorado britânico - e fez uma fortuna criando uma rede de escolas particulares para filhos de executivos e técnicos estrangeiros que foram para a área contratada por empresas de petróleo.

Condições

Tabichi foi elogiado por suas realizações em uma escola sem infraestrutura, em meio a classes lotadas e poucos livros didáticos. Ele quer que os alunos vejam que “a ciência é o caminho certo” para ter sucesso no futuro.

O prêmio, anunciado em uma cerimonia em Dubai, reconhece o compromisso “excepcional” do professor com os alunos em uma parte remota do Vale do Rift, no Quênia. Ele doa 80% de seu salário para apoiar os estudos dos seus alunos, na Escola Secundária Keriko Mixed Day, no vilarejo de Pwani. Se não fosse a ajuda do professor, as crianças não conseguiriam pagar por seus uniformes ou material escolar.

As classes deveriam ter entre 35 e 40 alunos, mas ele acaba ensinando grupos de 70 ou 80 estudantes, o que, segundo o professor, deixa as salas superlotadas.

No entanto, Tabichi diz que está determinado a dar aos alunos uma chance de aprender ciência e ampliar seus horizontes. Seus estudantes foram bem sucedidos em competições científicas nacionais e internacionais, incluindo um prêmio da Sociedade Real de Química do Reino Unido.

Professora brasileira entre as finalistas

A professora Débora Garofalo, que ensina matérias de tecnologia em uma área carente de São Paulo, na escola EMEF Almirante Ary Parreiras, na capital paulista, ficou entre os dez professores finalistas em 2019.

Pelas mãos dela e de seus alunos, que têm entre 6 e 14 anos, o lixo jogado nas ruas das favelas de São Paulo se transforma em soluções para problemas da comunidade. Garrafas pet, vidro, restos de fiação viram filtro de água, semáforo, máquina de sorvete, e até tecnologia de energia renovável para substituir o gato elétrico em casas de favela.

Assim nasceu o projeto “Robótica com Sucata” – que virou referencia no Brasil e ganhou a atenção do mundo. Em quatro anos, mais de 700 kg de lixo foram retirados das ruas pelos estudantes; o resultado da EMEF Almirante Ary Parreiras no Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino, subiu de 4.2 para 5.2; e alguns alunos de Garofalo já decidiram que querem ser físicos, engenheiros ou programadores.

“Um dos meus primeiros alunos passou agora em física na USP. É um orgulho enorme”, conta a professora, que é formada em Letras e Pedagogia.

Premiação

O premio conferido nesse ano a Peter Tabichi busca elevar o status da profissão de docente. O vencedor do ano passado foi um professor de arte do norte de Londres, Andria Zafirakou.

O fundador da premiação, Sunny Varkey, diz esperar que a história de Tabichi “inspire os que procuram entrar na profissão e seja um poderoso holofote sobre o incrível trabalho que os professores fazem no Quênia e em todo o mundo, diariamente”.

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