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| Pioneirismo | A conquista do espaço, nos anos 1960, marca série de influências visionárias que deram novo norte ao mundo da moda e do design, como à cultura de modo geral
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Bubble Chair (1968), do finlandês Eero Aarnio
 (Foto: aarniooriginals.com)
Foto: aarniooriginals.com Bubble Chair (1968), do finlandês Eero Aarnio

Anos antes da primeira pisada em território estranho, concretizada em 1969, com a chegada do homem à lua, já se respirava como seria o futuro. A corrida espacial, compreendida de 1955 a 1975, trouxe este e outros reflexos, dentro de um estilo que moldou o efeito total space age. "O contexto de cada época interfere, de várias formas, na arquitetura, nas relações, costumes, na roupa e no design que é feito e que aquela sociedade precisa ou deseja", explica Davi Sombra, designer da área de moda.

Para Davi, assim como em diversos outros momentos, a era espacial é mais um exemplo de como moda e roupa podem nos trazer reflexões sobre o que e como vivia a sociedade em determinado período. "Os criadores de moda viviam a expectativa por um futuro que apenas podia existir na imaginação e a partir do que viviam ali, uma espécie de mistura do empoderamento pelas conquistas espaciais referentes à Guerra Fria e também um otimismo em relação a tudo que viria pela frente".

Na moda, como no design, um futuro promissor, representado por símbolos como linhas aerodinâmicas de foguetes, cores minimalistas, efeitos metálicos, astronautas, tecidos sintéticos, etc. "Alguns estilistas, da década de 1960, como André Courrèges, Paco Rabanne e Pierre Cardin tornaram-se mais reconhecidos por registrarem em sua produção esses símbolos e representarem visualmente essa relação entre moda e futurismo, mas cabe aqui a reflexão sobre que futuro era esse?", levanta.

Olhar para essas criações, analisa Davi, nos diz mais sobre o presente que aquelas pessoas viviam do que sobre a roupa que usaríamos no futuro. "Acredito que nosso presente nos faz pensar em outras roupas e representações para o futuro a partir das demandas e questões do nosso tempo. O uso do plástico e dos tecidos sintéticos, por exemplo, não teria sentido se pensarmos em questões ambientais que se tornaram determinantes para a indústria da moda atualmente, muito mais preocupada com questões de sustentabilidade, tecidos naturais, biodegradáveis, consumo consciente e esse me parece o futuro que 2020 nos faz pensar", coloca em evidência.

O design futurista dos anos 1960 também teve influência da linguagem pop e do design tecnológico, marcando não só a moda como a cultura em geral. Em uma rápida consulta ao acervo do Museu da Imagem e do Som (SP), é possível voltar no tempo e conferir, por exemplo, o National Panasonic Toot-a-Loop-Radio R-72, uma espécie de pulseira rádio ou o contrário, se preferir. O formato arredondado, lembrando tanto o círculo da lua como o capacete do astronauta Neil Armstrong, assim como e a buble chair suspensa acima, que dava o aspecto tecnológico.


 

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