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Animando sonhos 
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Animando sonhos 

| Casa Amarela | Estudantes de escolas públicas de Fortaleza produzem curta-metragem de animação durante curso de férias A obra ganha exibição na abertura do Festival Cine Ceará
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Jovens desenvolvem habilidades enquanto aprendem os processos do audiovisual
 (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O POVO Jovens desenvolvem habilidades enquanto aprendem os processos do audiovisual

A 12ª edição do projeto Compartilha Animação pretende desenvolver habilidades de animação de 11 estudantes de escolas públicas, que terão de produzir curta-metragem sobre igualdade de gêneros. Pensar no roteiro, discutir os personagens, desenhar todo o cenário, revisar, gravar e pintar. Criar um filme de animação exige oportunidade, tempo, técnica e, claro, paixão. O estudante Caio Vinícius, de 14 anos, tinha três das opções, só faltava a primeira. Ao descobrir a existência do projeto Compartilha Animação - que seleciona 10 alunos todos os anos para curso da modalidade na Casa Amarela Eusélio Oliveira -, ele não pensou duas vezes. Participou da seleção.

Não foi escolhido, mas isso não o parou. Decidiu mostrar que possuía todos os requisitos necessários para participar da iniciativa. O estudante ligou para a Casa Amarela e para os professores, pedindo uma chance. "Falei que havia feito toda a seleção e não havia passado, mas que gostaria muito de participar. Em 1º de julho, ligaram e disseram que em alguns minutos a produção me buscaria em casa. Eu caí da cama, tomei um banho, fiquei todo bonito e vim", narra. "Eu gosto de filmagem e desenho, e sempre considerei que poderia ser melhor".

A ideia do Compartilha Animação é contemplar alunos de escolas públicas de 9 a 17 anos que, como Caio, descobrem habilidades ligadas à modalidade e necessitam de orientação para desenvolvê-las. Essa paixão é um dos objetivos de ministrar as aulas, pois a "animação é um mundo em que tudo é possível", expressa o professor do curso, Telmo Carvalho. "O Caio é o 11º da turma, porque ele mostrou desde o começo que queria mesmo participar".

Há 18 anos na Casa Amarela, ele explica que orienta os estudantes, divididos em diferentes funções de uma produtora, para desenvolver ao fim do mês um curta-metragem. O professor ressalta que a iniciativa também oportuniza visibilidade aos alunos, uma vez que o produto final das turmas é exibido na abertura do Festival Cine Ceará.

O projeto acontece durante todo o mês de julho na Casa Amarela e já está na 12ª edição. Passar esta temporada no curso é uma forma agradável de curtir as férias escolares, diz Victoria Laís, estudante de 9 anos e responsável pela pintura digital do curta-metragem. "Eu nunca tinha feito nada assim. É melhor estar aqui aprendendo a não estar fazendo nada em casa", explica, pouco depois de pintar fogos de artifício em cena que integrará a animação. "Quero que fique colorido", aposta.

Mais do que desenvolver novos talentos, o Compartilha Animação também pretende despertar nos estudantes um sentido ético sobre um tema ligado à sustentabilidade. No caso de 2019, a ideia é que a animação aborde a igualdade entre gêneros.

No primeiro dia de aula, a turma participou de palestra com uma analista de sustentabilidade da Enel, viabilizadora do projeto que abordou assuntos sobre a temática. O objetivo é demonstrar a questão no dia a dia, como a desigualdade salarial e a dupla jornada feminina.

Neste sentido, o curta-metragem abordará o tema com o olhar lúdico dos estudantes. A proposta, elaborada pela turma, é sobre uma personagem que, ao se deparar com uma empresa que só aceita empregados homens, desenvolve solução criativa para conseguir entrar no espaço e mostrar que seu gênero não é impedimento para sua capacidade.

O Compartilha Animação é promovido pelo Instituto Aguaboa Cultural e pela Associação Cultural Cine Ceará, em parceria com a Casa Amarela Eusélio Oliveira da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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