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| Gratuito | Mostra Itinerante do XII Prêmio Pierre Verger leva ao Cinema do Dragão mostra com 13 filmes perpassados pela antropologia visual
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Simbiose (2017), filme de Júlia Morim de Melo
 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Simbiose (2017), filme de Júlia Morim de Melo

Questões políticas, urbanas, étnicas e até mesmo sentimentais permeiam o universo da experiência social e antropológica dos filmes etnográficos. Entre produções de ficção e documentários, 13 filmes do gênero ligado à etnografia visual compõem a Mostra Itinerante XII Prêmio Pierre Verger, cuja programação inicia a partir de amanhã e segue até o próximo sábado no Cinema do Dragão. A mostra coletiva é gratuita e busca dar visibilidade às produções premiadas em suas edições. O evento também conta com realização da Associação Brasileira de Antropologia e do Laboratório de Estudos da Oralidade da Universidade Federal do Ceará.

O título do prêmio homenageia a presença da cultura francesa na formação do pensamento antropológico no Brasil, marcado pela produção visual do antropólogo Pierre Verger, falecido em 1996. Fotógrafo, etnólogo e também escritor, Pierre fotografou sobretudo as manifestações culturais, as festas populares, e o viver cotidiano. A premiação em sua homenagem existe há 22 anos no Brasil e é um dos títulos mais importantes do segmento antropologia visual.

"O filme etnográfico é especificamente vinculado à pesquisa antropológica e já tem um campo bastante desenvolvido no Brasil. Ele se distingue de outros filmes porque tem uma relação intrínseca com a pesquisa antropológica. É necessário aprofundamento e muita entrega do pesquisador", analisa Alexandre Vale, atual presidente do Prêmio. No último mês de junho, a mostra esteve na Associação Portuguesa de Antropologia (APA), em Portugal junho e deve percorrer a França entre agosto e setembro.

"São filmes com temáticas muito atuais para o momento brasileiro", pontua Alexandre, que também é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará. Ele dirige o filme "Itinerâncias de Gênero", que será lançado na quinta, 4, às 19h, como parte da programação da mostra. O filme etnográfico de média-duração de sua autoria envolve ex-travestis que fizeram uma nova transição de gênero, re-adequando sexo biológico e identidade de gênero. A narrativa é conduzida por Antônio Teixeira Neto, autor da autobiografia "Mel e Fel" (2017), que narra sua trajetória de vida, percalços e conquistas."É um filme sobre sexualidade, diversidade, plasticidade do corpo", descreve Alexandre Vale.

A mostra também inclui filmes como "Cortadores de Pedra", de Paula Pflüger Zanardie, que reflete conflitos e desafios da prática dos cortadores de pedra, e "´É o que guardo dele", de Hugo Menezes, narrativas de quatro das dez famílias vítimas da "Chacina de Belém", ocorrida em novembro de 2014, quando grupos de milícias assassinaram 10 jovens em bairros da periferia da cidade de Belém do Pará. "Esse momento do cinema é privilegiado, porque reflete sobre nossa condição e experiência. Os filmes etnográficos têm poder de fazer com o que o espectador se coloque no lugar do outro, algo que é muito próprio da experiência antropológica", resume Alexandre.

Mostra Itinerante XII Prêmio Pierre Verger

Onde: Cinema do Dragão (r. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema) 

Quando: 4 a 6 de julho

Gratuito

Informações: (85) 3488 8600

Programação da Mostra

Onde: Cinema do Dragão (r. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema) 

Quando: de 4 a 6 de julho

Gratuito

Informações: (85) 3488 8600

4 de Julho, às 19 horas

HOTEL LAIDE de Débora Diniz Rodrigues (UnB). 2017, 24 min.

DEIXA NA RÉGUA de Emílio Domingos (PPCULT/UFF). 2017, 73 min

5 de Julho, às 14 horas 

TUDO TEM KUSIWA de André Lopes (PPGAS/USP) e Dominique Tilkin Gallois (USP). 2017, 25 min.

OUTRO FOGO de Guilherme Moura Fagundes (UnB). 2017, 21 min. 

VER PEIXE de Rafael Victorino Devos (UFSC). 2017, 46 min.

5 de Julho, às 17h15min

SIMBIOSE de Júlia Morim de Melo (UFPE; Instituto Nômades/DAM). 2017, 20 min.

É O QUE GUARDO DELE de Hugo Menezes (UFPE). 2017, 25 min.

ENTRE PARENTES de Tiago de Aragão (UnB). 2018, 28 min.

EPIDEMIA DE CORES de Mário Eugênio Saretta Poglia (UFRGS). 2016, 70 min.

6 de Julho, às 14 horas

SABIÁ DO SAMBA de Diego da Silva Tavares (UFF), Beto Waite e Pedro Bálaco. 2016, 14 min

CORTADORES DE PEDRA de Paula Pflüger Zanardi (IPHAM). 2017, 31 min.

CONTE ISSO ÀQUELES QUE DIZEM QUE FOMOS DERROTADOS de Aiano Bemfica (UFMG), Camila Bastos (UFMG), Cristiano Araújo (UFMG) e Pedro Maia de Brito. 2018, 23 min.

O OUTRO RIO de Émilie Beaulieu-Guérette (EHESS). 2017, 88 min.

 

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