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Homem-Aranha: Longe de Casa tenta mostrar o peso entre as duas identidades de um super-herói.
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Homem-Aranha: Longe de Casa tenta mostrar o peso entre as duas identidades de um super-herói.

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Peter Parker (Tom Holland) entra em conflito com a própria identidade secreta de Homem-Aranha (Foto: Divulgação / Sony)
Foto: Divulgação / Sony Peter Parker (Tom Holland) entra em conflito com a própria identidade secreta de Homem-Aranha

O hiperconectado Universo Cinematográfico Marvel (UCM) atingiu um ápice dividido em duas partes com Vingadores: Guerra Infinita (2017) e Vingadores: Ultimato (2019). E por mais que, somados, os filmes quase batam as seis horas de duração, pouco das consequências do final do segundo longa são exploradas. Nisso, este Homem-Aranha: Longe de Casa, de Jon Watts, é a proposta de pesar a ausência dos super-heróis perdidos — um deles em especial.

Como quem já viu Ultimato sabe — e quem não viu deve saber que trata-se de um spoiler —, Tony Stark/Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) se sacrifica para vencer Thanos. E assim deixa o Peter Parker/Homem-Aranha (Tom Holland) órfão de um mentor. Personagem mais popular dos quadrinhos Marvel, o "cabeça de teia" é um reflexo da adolescência, tanto nas HQs, quanto no cinema. E esse período é, para quase todos, o momento de amadurecimento. Se nas encarnações anteriores (com Tobey Maguire e Andrew Garfield) a morte do tio Ben é o ponto de virada, aqui a proposta é que Peter assuma o legado do Homem de Ferro.

O roteiro de Chris Mckenna e Erik Sommers é todo sobre a vida dupla do "amigão da vizinhança". Como numa contraproposta a Tony Stark, cujo alter-ego heroico praticamente nunca foi escondido, Peter tenta manter uma vida pacata. Ele ignora ligações de Nick Fury (Samuel L. Jackson) e tenta se dedicar ao próprio amor por MJ (Zendaya). E assim, o adolescente viaja para a Europa — onde a vida de super-herói vem cobrar o preço.

Apesar da interessante proposta de contrapôr as vidas de Peter e do Homem-Aranha, Longe de Casa acaba voltando ao repetitivo jargão do tio Ben: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades" — e ainda bem que a frase nunca é dita neste filme. É a jornada do herói, que precisa abdicar de questões pessoais por um bem maior. No caso, esquecer dos presentinhos para MJ e lembrar de salvar o mundo de "monstros elementais" ao lado de Quentin Beck/Mysterio (Jake Gyllenhaal). 

O vilão dos quadrinhos serve de contraparte madura para o super-herói adolescente. Sob o peso de ser o sucessor do Homem de Ferro — Peter recebe os óculos de Tony Stark, que dão ao jovem um surreal poder sobre a mais avançada tecnologia bélica do mundo —, o personagem se vê sobrecarregado. Acuado, até. A responsabilidade, porém, não segue qualquer ordem lógica. Quem em sã consciência daria o peso de salvar o mundo a um estudante do Ensino Médio? Mas, enfim, quadrinhos, né?

Ou seja, o que podia ser uma luta por identidade própria acaba sendo apenas um garoto oprimido por uma responsabilidade surreal. E por conta disso, Longe de Casa acaba se dobrando aos mesmos clichês de todo filme de super-heróis. A ideia central deste, e da maioria dos filmes do UCM, parece ser a validação. Adota-se uma referência bem óbvia para ressoar tanto no público hardcore, quanto nos fãs de ocasião. Daí, destrincha-se um roteiro com viradas previsíveis, de forma a validar o conhecimento prévio de virtualmente todo mundo. É mais o que acontece fora da tela do que o filme em si.

Longe de Casa, porém, é um filme tanto quanto habilidoso. Gyllenhaal parece genuinamente se divertir com Mysterio. Tom Holland foi o único ator a ser eficiente tanto como Peter Parker, quanto como Homem-Aranha. E Zendaya funciona muito bem como uma MJ meio niilista — soa genuinamente adolescente. O confronto final vai bem longe do clichê filme de super-herói, muito por causa de um vilão construído de forma inteligente. Só que parece tudo muito construído para ressonar nos fãs. Só isso justifica um filme cujo final propriamente dito só vem numa cena durante os créditos.  

Universo Marvel no Cinema

Fase 1

Homem de Ferro (2008)

O Incrível Hulk (2008)

Homem de Ferro 2 (2010)

Thor (2011)

Capitão América: O Primeiro Vingador (2011)

Os Vingadores (2012)

Fase 2

Homem de Ferro 3 (2013)

Thor: O Mundo Sombrio (2013)

Capitão América: O Soldado Invernal (2014)

Guardiões da Galáxia (2014)

Vingadores: Era de Ultron (2015)

Homem-Formiga (2015)

Fase 3

Capitão América: Guerra Civil (2016)

Doutor Estranho (2016)

Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017)

Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)*

Thor: Ragnarok (2017)

Pantera Negra (2018)

Vingadores: Guerra Infinita (2018)

Homem-Formiga e a Vespa (2018)

Capitão Marvel (2019)

Vingadores: Ultimato (2019)

Homem-Aranha: Longe de Casa (2019)*


*Filmes da Sony em

parceria com a Marvel

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