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Morre o produtor musical André Midani
Vida & Arte

Morre o produtor musical André Midani

| 86 anos | O executivo viu nascer a Bossa Nova, a geração do rock e trabalhou com Anitta nos últimos anos
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André Midani no programa Do Vinil ao Download, exibido na GNT (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação André Midani no programa Do Vinil ao Download, exibido na GNT

O produtor cultural André Midani morreu na noite desta quinta-feira, 13, no Rio de Janeiro, aos 86 anos. Ele estava internado na Casa de Saúde São Vicente, no bairro da Gávea, para tratamento de um câncer. Nascido em Damasco (Síria), em 25 de setembro de 1932, André Haidar Midani foi criado para ser confeiteiro, mas um emprego na gravadora Decca, quando morava na França, o levou para o mundo da música.

Nos anos 1950, fugindo da guerra da Argélia, ele veio para o Brasil e conseguiu emprego na gravadora Odeon. Midani foi um dos mais importantes produtores da indústria musical brasileira, especialmente entre os anos 1960 e 1990. Ele participou da divulgação e repercussão da bossa nova no final dos anos 1950, quando trabalhava na então gravadora Phillips. Também ajudou a consolidar o talento da geração tropicalista, na década de 1970.

Naquela época, a Phillips reunia uma verdadeira constelação de artistas brasileiros como Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Nara Leão, Gilberto Gil, Mutantes, Erasmo Carlos, entre outros. Midani, porém, corrigia quando diziam que ele descobriu essa turma. "Caetano já estava lá, Gil já estava lá, Elis já estava lá, Jair já estava lá. O que eu fiz foi constatar que a companhia não estava organizada e equipada para vender a música que ela gostaria de vender", disse em 2015, em entrevista para o Estado de São Paulo. Em 2015, Midani trabalhou com Anitta no projeto Inusitado, que reuniu a funkeira com o sambista Arlindo Cruz e o múltiplo Arnaldo Arnaldo Antunes.

Convidado para trazer a Warner ao Brasil, Midani também teve papel fundamental na guinada dada pelo rock brasileiro nos anos 1980, impulsionando grupos como Titãs, Kid Abelha, Ira! e Ultraje a Rigor. Em 2008, Midani contou sua história na autobiografia Música, ídolos e poder - Do vinil ao download (Nova Fronteira), retirado das lojas três anos depois por conta de uma ação judicial. Diante da censura, Midani disponibilizou o texto na íntegra para download. 

Muitas das histórias do livro foram contadas no programa Do Vinil ao Download, exibido no canal fechado GNT. Com a participação de muitos dos protagonistas da MPB, Midani ria, conversava e ouvia canções num bate papo informal que contou com a participação de gente como Ney Matogrosso, Baby do Brasil, Jorge Benjor e outros. Alguns episódios da série estão disponíveis no Youtube. "A única coisa que eu posso dizer é que sempre haverá música", afirmou Midani em um dos programas. (Marcos Sampaio/ com agência)

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