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Varda pela cidade
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João Gabriel Tréz é repórter de cultura do O POVO e filiado à Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine). É presidente do júri do Troféu Samburá, concedido pelo Vida&Arte e Fundação Demócrito Rocha no Cine Ceará. Em 2019, participou do Júri da Crítica do 13° For Rainbow.

João Gabriel Tréz arte e cultura

Varda pela cidade

| HOMENAGEM | Espalhada por sete espaços, programação promovida pelo Porto Iracema das Artes celebra e reflete a obra da cineasta belga Agnès Varda, falecida em março deste ano
Foto: divulgação "Varda por Agnès", documentário da belga Agnès Varda, foi o último filme lançado pela cineasta

A belga Agnès Varda teve vida e obras tão profundas quanto largas. Falecida aos 90 anos em decorrência de um câncer no último mês de março, havia lançado o que viria ser seu último filme, o documentário Varda por Agnès, no Festival de Berlim em fevereiro. Ao longo de quase 70 anos de carreira, dirigiu mais de 50 filmes, entre curtas e longas, mas também teve atuação relevante como fotógrafa - o que foi sua inserção nas artes - e artista visual - atuação que começou a explorar após os 80 anos. Tamanha grandeza será celebrada e debatida no Circuito Merci, Varda!, promovido pelo Cena Cineclube e pelo Cineclube Âncora, ambos do Porto Iracema das Artes. A abertura ocorre na escola hoje, às 19 horas, com exibição de seis curtas fundamentais da diretora e performance musical do projeto Sila Crvs A.O.A.. O projeto também conta com concurso de cartazes e uma instalação no pátio do Porto com exposição das artes inscritas e curtas de Varda.

A cineclubista e cineasta Lis Paim, do Cena Cineclube, explica que havia uma intenção de promover exibições da produção da diretora desde a participação dela neste ano em Berlim, mas o trabalho dos dois cineclubes foi impactado pela notícia da morte de Varda. Decidiu-se, então, por ampliar a ideia "tendo o espírito de compartilhamento" marcante da belga como norte. "Varda é uma cineasta que sempre esteve ao lado do povo, das mulheres e dos trabalhadores em especial, como ela gostava de dizer, e um circuito com seus filmes não poderia ser diferente", estabelece Lis. Ao longo das próximas 20 sessões do circuito, Varda se espalhará por sete espaços da Capital, como a Vila das Artes, o Centro Cultural Grande Bom Jardim e o Cuca Jangurussu. "Montamos um circuito cineclubista para que os filmes dela possam chegar ao maior número de pessoas possível, de forma gratuita e guiados por debates em escolas, na rua e nas periferias de Fortaleza, cidade com a qual Varda desenvolveu uma relação após visita em 2009", avança.

A tal visita citada por Lis diz respeito ao período em que a artista esteve na Capital para lançar o documentário As Praias de Agnès (2008), numa ação promovida em conjunto pela UFC, a Escola de Audiovisual da Vila das Artes e o Laboratório de Estudos e Experimentações em Audiovisual. O período foi registrado pela artista na série de TV Agnès daqui e dali Varda (2011). Tanto o filme quanto o episódio de Fortaleza serão exibidos no circuito. A professora do curso de Cinema e Audiovisual da UFC Beatriz Furtado conviveu com a cineasta naquele 2009 e em outras ocasiões, e debaterá o documentário no encerramento do circuito, no próximo dia 27 de julho, em exibição ao ar livre na Praia dos Crush. "As Praias de Agnès é para mim uma relação amorosa e, nesse sentido, política e estética. Foi com esse filme que nós tivemos uma semana em Fortaleza no mais profundo exercício da amizade. É da ordem do que não se pode dizer o que a presença de Varda produziu em nós", rememora Beatriz, elencando locais pelos quais a realizadora passou: Mercado São Sebastião, Vila das Artes, Cinema do Dragão, Parque Adhail Barreto, Praia do Futuro, Mucuripe, Mercado dos Pinhões.

Além de Beatriz, mais 23 convidadas irão debater os filmes após cada sessão - são mulheres da produção cinematográfica, da crítica, da academia, da música, das artes visuais e de outras áreas. "A ideia foi inspirada pela própria pluralidade de pontos de vista da produção de Agnès, que se assemelha a um caleidoscópio, além do fato de que ela é um símbolo de uma luta feminista não só no cinema, mas como modo de ser. Foi a única mulher envolvida no movimento Nouvelle Vague, precursora deste movimento essencialmente masculino, e seguiu sendo e sempre será uma inspiração para muitas mulheres trabalhadoras de qualquer campo", ressalta Lis.

 

Circuito Merci, Varda!

Quando: abertura hoje, às 19 horas. A mostra segue até 26/07

Onde: Porto Iracema das Artes, Cinema do Dragão, Cuca Jangurussu, Vila das Artes, Centro Cultural Grande Bom Jardim, Cineclube Ser Ver Luz, Centro Cultural Belchior

Programação: bit.ly/2WjalIG

Entrada gratuita

Foto do João Gabriel Tréz

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