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Amor cantado
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Amor cantado

| novo disco | Lulu Santos narra em Pra Sempre sua história de amor com Clebson Teixeira, com quem casou em abril deste ano. Álbum chegou ao streaming na última sexta, 24
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Lulu Santos celebra o amor em novo disco, Pra Sempre (Foto: fotos leo aversa/divulgação)
Foto: fotos leo aversa/divulgação Lulu Santos celebra o amor em novo disco, Pra Sempre

Se existe a máxima de que o artista transforma em arte o que está vivendo em seu presente, o novo disco de Lulu Santos, Pra Sempre, é a pura representação disso. O cantor e compositor de 66 anos tem um novo amor. No ano passado, o analista de sistemas Clebson Teixeira, na época com 26 anos, o cortejou pelas redes sociais. Eles se conheceram pessoalmente, assumiram o namoro também nas redes e, em abril deste ano, oficializaram a união. Em Pra Sempre, que chegou às plataformas digitais nesta sexta, 24, Lulu conta, em 10 canções autorais - incluindo um remix e uma instrumental - e também na versão de The Look of Love, o passo a passo dessa história.

Ele fala do início da paixão, em Tão Real; do amor ao companheiro em Orgulho e Preconceito - que dialoga com a canção anterior, Gritos e Sussurros; da repercussão que o namoro gerou no público, em Hoje em Dia; da importância de eles viverem aquele amor, que não deveria ofender ninguém, em Lava; e do estabelecimento da relação, em Pra Sempre. Com esse disco, ele inicia a turnê no dia 1º de junho, em Belo Horizonte, de onde segue para apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo. De coração aberto e uma tranquilidade na voz, Lulu fala sobre amor, expectativas - e como isso refletiu em seu novo trabalho. (AE)

O amor é um tema importante em sua obra de uma forma geral. Pra Sempre é o disco em que você mais fala sobre amor?

Lulu Santos - É, sou o último romântico. O disco é, da primeira à última música que eu fiz, motivado por essa história que começou em abril do ano passado. Cada uma delas são estações da paixão. As canções só não estão nessa ordem no álbum, mas a primeira que eu fiz foi Tão Real, que é a terceira do álbum, e a última foi Pra Sempre. É do despertar da paixão até a conclusão que temos de morar juntos.

A história de vocês teve início em abril do ano passado?

Lulu - Começa antes. A gente se conheceu no Instagram, por causa de um comentário que ele fez sobre o álbum Baby Baby!. Ele escreveu: 'Este álbum é magnífico'. Eu disse: "Magnífico? Quem fala uma coisa dessas hoje em dia?". O caso realmente é de um em um milhão. A curiosidade foi mútua, até determinado momento em que, na primeira conversa por telefone que a gente teve, assustado, perguntei: 'O que você quer?'. E ele falou muito claramente: 'Quero você'. Tive de pedir para ele moratória: não posso lidar com isso neste momento da minha vida, tem muita coisa acontecendo. E ele respeitou. Dez dias depois ele reapareceu, comentando o filme Corra!, que eu tinha recomendado. O disco descreve da primeira canção à última esse passo a passo do envolvimento. Por isso, ele é intensamente romântico. O disco é para Clebson Teixeira.

Apesar de não estar na ordem que foram escritas, a primeira canção do disco, Radar, fala do momento do arrebatamento?

Lulu - Radar é a compreensão do que estava me acontecendo, já é posterior. Arrebatamento é Tão Real. Radar escrevi junto com ele. Ele estava na minha casa, a gente já estava no convívio, não é mais tanto sob o impacto porque já descreve não o que a outra pessoa estava causando a você, mas o que estava acontecendo com você. O próprio motor da criação vai azeitando durante o processo.

Como a regravação de The Look of Love entrou no disco?

Lulu - Conheço desde Casino Royale, filme que a lançou na década de 60. É sobre uma visita que a gente fez a Inhotim, onde tem uma obra, é um pavilhão circular fechado: você entra por uma porta, ele é todo forrado de espelhos e toca The Look of Love. E o que aconteceu é que eu nunca tinha sido tirado para dançar. Fui tirado dentro da instalação, ao som dessa canção. Foi lindo.

Pergunto porque vocês tiveram um acolhimento grande...

Lulu - Sobretudo das mulheres, que são românticas, e que gostam de ser testemunhas do romance.

Mas ao mesmo tempo em que as pessoas deram força...

Lulu - Tem o outro lado.

E isso também está nas músicas. Você falando muito disso, que não se importa com que os outros dizem...

Lulu - Como uma resposta a quem se incomodar. "Não vou me lixar/Pro que possam dizer/Julgue quem julgar/Se roa a quem roer" (ele cita trecho da música Lava). Não entro em discussão, é perda de tempo e energia. Sei o que formata aquele pensamento, e a gente viu que o País em massa fez uma escolha por esse tipo de pensamento, por mais que agora alguém possa estar perplexo. Espero que estejam mesmo. A gente convive com isso na vida, nas relações, e ao mesmo tempo eu que já tive essa relação anterior, qualquer pessoa que me conhecia, que trabalhava comigo, sabia. Você não pode dialogar com um conceito como a homofobia. Não tem conversa.

Isso em rede social, e na vida real?

Lulu - Claro que você sente um ar de alguma coisa que está querendo ser expressada, mas a parte do carinho é tão mais presente.

Pensando no outro lado, existe cobrança de você ser a representatividade da causa, a bandeira?

Lulu - Não me compete, porque ativismo não me comove, pacifismo tampouco. E, ao mesmo tempo, apenas tomando as atitudes que a gente tomou já é tanto ativismo, porque o que a gente fez não foi para dentro do gueto, foi no seio da sociedade, não foi pregar para convertido. Foi apenas vivenciar o amor.

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