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Na fé e no samba de Martinho
Vida & Arte

Na fé e no samba de Martinho

| SHOW | Martinho da Vila celebra 80 anos trazendo seu novo show, Bandeira da Fé, ao Cineteatro São Luiz. No repertório, canções inéditas e clássicos de sua trajetória
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Elifas Andreato assina mais uma vez a capa do disco de Martinho da Vila (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Elifas Andreato assina mais uma vez a capa do disco de Martinho da Vila

E foi devagarinho, bem na maciota, que o bamba Martinho da Vila chegou à casa dos 80. Tendo ainda muito pano para manga, porém prometendo a si mesmo que este será o último "disco oficial" de sua trajetória, o sambista carioca contrariou as próprias expectativas e lançou, no fim do mês de outubro, em todas as plataformas digitais Bandeira da Fé (Sony Music), 48º álbum que surge na sequência de Alô, Vila Isabeeeel!!!, uma ode à sua escola de coração. "Nem pretendia mais gravar um disco inteiro porque o CD, hoje em dia, está mais difícil de encontrar. Não há lojas como antigamente e até os carros mais novos não têm espaço para você ouvir CD. O aconselhável é gravar umas ou duas músicas e soltar aos poucos", lamenta o compositor, também autor de livros infantis, infantojuvenis, biografias e romances.

Misto de celebração e engajamento - mas, acima de tudo, esperança nos dias que ainda virão - Bandeira da Fé, segundo Martinho, retrata bem o momento atual. A canção, que dá título ao novo trabalho, data do início dos anos 1980, sendo escrita por ele em parceria com Zé Katimba e conhecida até então nas vozes de Luiz Carlos da Vila (1949-2008) e Agepê (1942-1995). "Vi que nunca havia gravado ela, aí eu disse: Parece que eu vou gravar essa música... (risos) Ela é daquele tempo das eleições, Diretas Já, mas é bem atual e eu acho que vou fazer. Então resolvi desenvolver o disco a partir dessa ideia. Sendo que 'fé' não está aí no sentido religioso, mas no de acreditar que as coisas podem mudar", destacou.

Martinho da Vila, acompanhado de sua banda tradicional, retorna a Fortaleza para única apresentação neste domingo, 26, às 18 horas, no Cineteatro São Luiz (Centro). No repertório, as novas canções dividirão o palco com alguns clássicos de sua história, que já contabiliza 50 anos, a exemplo de Devagar Devagarinho, Casa de Bamba, Mulheres, Madalena do Jucu, entre outros. O show também dá mote para as celebrações de quatro anos de reabertura do equipamento. "Vai ser baseado nesse disco, mas permeado pelos grandes sucessos que se encaixam bem no roteiro. E sempre acaba numa grande festa", já adianta ele, recém-chegado de uma turnê pela Europa, que passou por Portugal, Irlanda e França.

Quanto ao novo álbum propriamente dito, Bandeira da Fé abre o leque para temas diversos, que perpassam pela mulher, racismo, negritude e política, contando com as participações especiais do rapper Rappin' Hood (O Sonho Continua) e até da jornalista e apresentadora Glória Maria (Ser Mulher). "O disco também mistura música com poesia. Fiz uma poesia sobre a mulher que bate muito com a história da Glória Maria. É uma poesia ritmada e ela interpretou muito bem; o Rappin' Hood, eu já conhecia. É um amigo antigo". Quanto ao processo de composição das letras, Martinho da Vila releva que o meio acaba influenciando nos temas escolhidos. "Eu penso na temática, crio as músicas ou ouço alguma coisa do repertório nacional", sintetiza.

O otimismo tem sido, de fato, sua atual bandeira. "Com certeza! Porque o pessimista não faz nada. Diz sempre que não vai dar, não tem utilidade. As mudanças sempre foram feitas pelos otimistas. É que nem com escola de samba: a gente não gosta muito da diretoria, do enredo, mas sempre acredita! Com o torcedor também é assim, como com o Vasco... Por falar nisso, eu acho que ele vai ganhar o Campeonato Brasileiro! (risos)", percebe. Quanto às novas tecnologias, ele diz tirar de letra. "Eu domino, mas tenho uma equipe que faz tudo pra mim. Eles preparam e eu dou uma olhada, senão eu vivo o tempo inteiro conectado. Me dizem: Martinho, me dá teu whatsapp? Mas não dá...", reconhece.

Ainda sobre Bandeira da Fé: "Eu sempre falo que vou parar, mas aí, de repente, surge uma boa ideia. Agora eu creio que não vou lançar mais porque o disco físico está muito difícil. Mas o rádio ainda tem muita força, as gravadoras é que não estão usando para muita coisa. Mas ele tem uma importância grande (como veículo). Sobre a chegada aos 80 anos, o sambista revisita as lembranças: "Eu pensei, bem lá atrás, que iria até os 60! Pensei: depois dos 60, vou morar na roça, criar galinha e fazer outras coisas... Mas ainda tô aqui, né! (risos)". Para os fãs fortalezenses, um recado certeiro: "Vai ser um show bem alegre porque a minha intenção é sempre que o público saia do teatro mais feliz do que quando chegou". O convite está feito.

FAIXAS DO NOVO CD

1. O Rei dos Carnavais

2. Depois Não Sei

3. Fado das Perguntas

4. A Tal Brisa da Manhã

5. Ô Que Saudade

6. Minha Nova Namorada

7. Ser Mulher (Ao Vivo)

8. Não Digo Amém

9. Bandeira da Fé

10. O Sonho Continua

11. Zumbi dos Palmares, Zumbi

12. Baixou na Avenida

SERVIÇO

Show "Bandeira da Fé", de Martinho da Vila

Quando: hoje, 26, às 18 horas

Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 / Praça do Ferreira - Centro)

Quanto: Plateia Inferior - R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) / Plateia Superior - R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) - limitação de meia entrada em 40%.

À venda na bilheteria do local e no site tudus.com.br

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