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Evento celebra os 30 anos do Vida&Arte com debate e lançamento de livro
Vida & Arte

Evento celebra os 30 anos do Vida&Arte com debate e lançamento de livro

|V&A 30 anos| Evento no Espaço O POVO analisa cenário e horizontes da cobertura jornalística cultural
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FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.05.2019:  Socorro Acioli, escritora.  (Fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima FORTALEZA, CE, BRASIL, 17.05.2019: Socorro Acioli, escritora. (Fotos: Fabio Lima/O POVO)

Debater as perspectivas do jornalismo cultural e celebrar um trajeto traçado por muitos pés: continuando as comemorações de 30 anos do caderno Vida&Arte, celebrados em 2019, O POVO e a Editora Dummar realizam uma programação especial neste sábado, 25. A partir das 16 horas, os comunicadores Guilherme Werneck, Magela Lima e Izabel Gurgel se reúnem no Espaço O POVO de Cultura & Arte para traçar diálogos sobre cobertura jornalística cultural sob mediação de Cinthia Medeiros. Em seguida, às 18 horas, a escritora cearense Socorro Acioli realiza o lançamento da obra Sobre as Felizes, atividade seguida de uma sessão de autógrafos. A programação é gratuita e aberta ao público.

Ao longo de suas três décadas dedicadas à cobertura cultural, o Vida&Arte documentou a produção, a circulação e o consumo de bens materiais e simbólicos. Além da divulgação de shows, eventos, atividades artísticas e entretenimento, entretanto, o caderno segue uma demarcada linha editorial: ultrapassar a agenda e fortalecer um amplo debate sobre as artes do fazer. Para a editora-executiva do Núcleo de Cultura e Entretenimento do O POVO, Cinthia Medeiros, a plataforma se constrói como "um espaço de fomento, de análise, de projeção de nomes e temas que levam o leitor a reflexões e descobertas também".

O compromisso com a diversidade crítica de olhares, segundo Cinthia, é responsável pela longevidade dos suplementos culturais no jornalismo. "O Vida&Arte acompanha o processo criativo dos realizadores e explica como esses processos acontecem. O caderno, ao longo desses 30 anos, vem cada vez mais investindo nisso: no aprofundamento sobre o fazer, o criar, na análise. É graças a isso que a gente consegue manter o espaço da crônica e da crítica nas nossas páginas, por exemplo. Acredito que esse é o grande diferencial do jornalismo cultural de fato — oferecer uma espécie de chancela, um selo de qualidade", argumenta a editora.

Informar, interpretar o acontecimento, elucidar sobre a relevância do tema e opinar possíveis repercussões na cena artística são também práticas do jornalismo cultural. O jornalista e pesquisador Magela Lima, que editou o Vida&Arte entre 2009 e 2012 e foi secretário de Cultura de Fortaleza na primeira gestão do prefeito Roberto Claudio (PDT), relembra a importância de compreender o papel da cultura na sociedade. "Eu tenho pensando muito nisso, de provocar o jornalismo cultural naquilo que ele tem de interface com a cultura como um todo e não propriamente com o campo do jornalismo. Por que a cultura tem tão pouco espaço? Por que a cultura tem tão pouco recurso? Será que o status do jornalismo cultural nos próprios jornais não reflete o estado da cultura no País? Estou cada vez mais curioso por esse debate", pondera.

O jornalista e roteirista Guilherme Werneck, publisher da revista Bravo!, avalia a importância do diálogo sobre as veredas da cultura no jornalismo mediante um cenário de contínuo desmonte e precarização da área. "Há uma transformação enorme em curso em diversos campos da cultura, alimentada por alguns eixos estruturais, sendo que os dois mais impactantes são o acesso à tecnologia e à informação. Debater cultura hoje significa ver como olhar para esse novo ecossistema, como furar bolhas, como conseguir meios de trabalhar na contramão dessa tendência para tentar resgatar o bem mais importante do jornalismo cultural, que é o olhar crítico e aguçado para a produção contemporânea, mediar o diálogo entre artistas e o público. E, obviamente, com a eleição de um governo que se coloca em franca oposição à educação e à cultura, essa tarefa, que já seria difícil pela simples pressão das mudanças de consumo de cultura que vêm da era da abundância, se torna cada vez mais árdua", pontua.

Encarar o jornalismo como lugar da multiplicidade sociocultural é tão complexo quanto necessário, na concepção da comunicadora e especialista em Gestão da Cultura Izabel Gurgel. "O Brasil atravessa uma precarização da vida pública. Isso torna mais importante ainda o que eu chamo de potência dos encontros: juntar pessoas para pensarmos como viver uns com os outros. O jornalismo tem um enorme desafio pela frente, que é de ser esse campo do possível, esse campo para se pensar a vida pública, a vida comum, as formas possíveis — apontando sempre uma perspectiva de transformação, de mudança. Eu sigo acreditando que o jornalismo é uma possibilidade de intervir criticamente, mas o cenário não é simples".

Programação

Quando: sábado, 25/5

16 horas: Debate Perspectivas para o Jornalismo Cultural 

Com Guilherme Werneck, Magela Lima e Izabel Gurgel. Mediação de Cinthia Medeiros

18 horas: Lançamento livro Sobre as Felizes e sessão de autógrafos

Com Socorro Acioli. Mediação de Maísa Vasconcelos

Onde: Avenida Aguanambi, 282, José Bonifácio

Programação gratuita e aberta ao público

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