Feche os olhos. Vamos voltar a 1999. Você está em outra dimensão. O que é realidade e o que é sonho, não se sabe mais. Bem-vindo a Matrix dos irmãos Wachowski. Alguma lembrança? Talvez todas. Das cenas de ação em câmera lenta aos looks futuristas com longos casacos pretos, calças de látex e pequenos óculos de sol, como não se lembrar ou ter referência do filme que desafiou o cinema (talvez só Blade Runner (1982) no páreo, na época), e a moda, presente até hoje, nas passarelas e cliques de street?
A produção com Keune Reaves, 54, que, por pouco, não foi com Brad Pitt, um dos primeiros nomes cotados para viver o Neo, completa duas décadas de lançamento e nos leva a pensar no quanto que ela ainda impacta uma legião inteira, de fãs e novos adeptos. O efeito é contagioso. Tem verbete próprio. Estilo Matrix, como se chama nas editorias de moda. Até "dominatrix", "novo" termo associado, ganha o mundo. Tudo graças a Kym Barrett, figurinista. "Eu nunca soube exatamente em que ano o filme seria, mas eu queria que parecesse um mundo cheio de possibilidades e agora estamos nesse mundo", disse Barret, uma vez, a Glamour americana. Ainda parece hoje.
A estética Matrix, que muito tem a ver com a era dos designers minimalistas, traça um novo conceito de percepção à realidade posta - ou imaginária. Atualmente, quem brinca de Neo, Trinity e Morfeo leva o trabalho do all black à sério. O pretinho básico é quase espacial, de Alexander McQueen a Boss, Bottega Veneta, Giorgio Armani, Guy Laroche, Hermès, Off-White (queridinha do momento!), Roberto Cavalli, Saint Laurent, Stella McCartney, Alexander Wang, Balenciaga - com certeza - e Coach. O estilo não passa despercebido. Lança-se no verão próximo, novo e, de novo.
Para Kym Barrett, era de suma importância que os trajes de Matrix refletissem a dualidade dos domínios pós-apocalíptico e simulado por computador. As roupas do mundo real deveriam parecer orgânicas, enquanto as do lado puramente Matrix, não. Além do PVC substituindo o couro, devido ao orçamento enxuto para o figurino, mas que acabou ajudando aos movimentos do elenco em cena, os mini óculos trazem o legítimo efeito Matrix - super cool, na cultura global.
"Os personagens estão acordados na Matrix - eles são os únicos que sabem a verdade, então os óculos escuros eram uma maneira de esconder os olhos, para esconder quem eles realmente eram, de todos os outros", detalha o figurinista à revista. Mas o filme foi ainda mais longe, com fôlego para muitas gerações. Mostra a força, principalmente feminina, a partir dos looks, utilitários.
"Eu acho que Trinity (Carrie-Anne Moss, 51) ressoa mais porque ela é o que queremos que o feminismo seja - ela é revolucionária, ela não desiste de suas crenças, ela defende as convenções e contra aqueles que estão tentando tirar a humanidade", continua Barrett. "A força das mulheres em The Matrix está sendo destacada da mesma forma que está sendo destacada nas mulheres na sociedade agora", ressalta em entrevista.