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As Bárbaras no cinema
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As Bárbaras no cinema

| Universidade | Mostra Alencarinas de Cinema propõe a realizadoras cearenses espaço de visibilidade, discussão e estímulo
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Jane Malaquias será a homenageada da mostra (Foto: acervo pessoal)
Foto: acervo pessoal Jane Malaquias será a homenageada da mostra

Desbravar um terreno ainda pouco explorado e garantir que este espaço seja dedicado, exclusivamente, às mulheres e suas demandas. Este é o principal objetivo da Mostra Alencarinas de Cinema, que acontece nos dias 23 e 24 de maio, na Universidade de Fortaleza (Unifor). O evento foi pensado pela aluna Emily Guilherme, formanda em Cinema pela Universidade e ganhou o apoio da professora orientadora Raquel Gondim, ao lado de uma equipe de jovens mulheres determinadas a extrapolar os limites pré-existentes às mulheres no cenário cinematográfico cearense. "A mulher precisa desse espaço de luta, autoafirmação e colaboração. Já que não existia, eu e as outras meninas da equipe decidimos criá-lo", crava Emily.

Apesar de ter nascido como projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), a individualidade e centralização nunca fizeram parte dos planos de Emily. Não porque ela quisesse ter menos trabalho. Mas em razão de enxergar a Mostra Alencarinas, desde sua concepção, como um lugar de coletividade e sororidade. Lugar este, há muito tempo, em escassez para mulheres. "Temos no Brasil um quadro de abandono paterno enorme. São mulheres que criam, se esforçam, trabalham, fazem dinheiro, se sacrificam e educam outras mulheres", justifica a idealizadora do projeto.

A escolha do nome da mostra não foi à toa, e nem tem a ver com José de Alencar. Mas sim com sua avó, Bárbara de Alencar. "Ela não é cearense, é pernambucana. Mas veio aos 16 anos para cá, se estabeleceu, teve dois filhos. Foi a primeira presa política do País. Então é uma homenagem a essa mulher de luta, que abriu caminhos, e não se dobrou diante do masculino, foi à frente", defende Raquel Gondim. A orientadora destaca a escolha dos referenciais teóricos que guiaram o trabalho. A aluna optou por utilizar apenas base teórica escrita por mulheres que discutam as questões femininas.

Da curadoria à realização da Mostra Alencarinas, todo o processo foi elaborado, conversado e realizado por essas mulheres, e todas tiveram igual peso de decisão. Três integrantes foram responsáveis pela tarefa de discutir e trazer ao máximo a pluralidade e fidelidade aos objetivos da Alencarinas. "Temos uma preocupação política com quem está por trás das produções. Porque a gente não quer falar só de mulheres como igualdade. Somos múltiplas. Temos vivências diversas. Precisamos ter uma visão interseccional desse feminismo. Precisamos entender que as lutas são diferentes", explicou uma das curadoras e produtora do evento, a jornalista Marina Holanda.

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