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Memória ilustrada
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Memória ilustrada

| HQ Ceará 2 | Produzidos pelas Edições Demócrito Rocha, livros abordam a história dos quadrinhos no Ceará e a utilização do gênero nas salas de aula
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Lançamento Antologia e Livro de História das Histórias em Quadrinhos (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação Lançamento Antologia e Livro de História das Histórias em Quadrinhos

Papéis, lápis, borrachas, nanquim, aquarela, pincéis, roteiro e criatividade. Nascem assim as histórias em quadrinhos. Estabelecidas como gênero pelo artista americano Richard Outcault em 1895, as HQs conquistaram reconhecimento ao longo de uma trajetória de resistência. Para cartografar os quadrinhos no Ceará e abordar a utilização da linguagem nas escolas, as Edições Demócrito Rocha lançam hoje os livros História das Histórias em Quadrinhos no Ceará e Antologia HQ: quadrinhos para sala de aula. O evento acontece às 16 horas no auditório do Dragão do Mar.

Organizadas pelo gestor de projetos da Fundação Demócrito Rocha, Raymundo Netto, as obras inovadoras fazem parte do projeto HQ Ceará 2: Histórias das Histórias em Quadrinhos no Ceará (R$ 30), escrita por mais de 10 autores, é o primeiro registro impresso da historiografia do gênero no Estado. Já a Antologia HQ: quadrinhos para sala de aula (R$ 40) apresenta uma didática orientação para uso da linguagem nos processos de aprendizagem. "As HQs hoje são reconhecidas pelo seu poder de sedução, de atração e de comunicação. Tem uma característica poderosa da fusão texto-imagem que lhe é peculiar. Daí sua facilidade de promover a informação de forma clara e lúdica. Não é à toa que a cada dia presenciamos mais trabalhos, estudos e pesquisas sobre a sua utilização, não apenas na sala de aula, mas para o público em geral", argumenta Raymundo. Em suas páginas, os livros apresentam os trabalhos de autores cearenses ou radicados no Ceará e a multiplicidade de técnicas e estilos de desenhos.

"Quadrinista nas horas vagas e persistente leitor de quadrinhos", o professor e designer Geraldo Jesuíno é um dos autores convidados para abordar o percurso dos quadrinhos no Ceará. Provocado por Adísia Sá, o então docente do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará criou uma disciplina sobre HQs na faculdade ainda no início da década de 1970 - mas o desejo de partilhar experiências na área logo ultrapassou as fronteiras acadêmicas. "Foi assim que surgiu a Oficina de Quadrinhos da UFC, um capítulo imprescindível nessa história. Fazer quadrinhos era uma atividade tratada com um certo descaso porque 'não era coisa séria'. Os quadrinhos eram algo novo, meio sonhador e utópico. Era uma coisa de resistência mesmo", relembra. Espaço de convivência dos apreciadores da "nona arte", a Oficina de Quadrinhos da UFC é atualmente coordenada pelo professor Ricardo Jorge e reuniu grandes nomes do gênero no Estado.

"O Ceará é eclético e universalista nos quadrinhos. Nós não poderíamos dizer que o Estado se pauta em projetos, como o regionalismo da Paraíba: cada quadrinista daqui cria sua própria pauta", continua Geraldo. Entre os pioneiros no Estado, destaca-se o do cartunista Mino.

A jornalista Camila Holanda, editora do Vida&Arte, é responsável por resgatar a obra de Mino no História das Histórias em Quadrinhos no Ceará. "Tenho um carinho especial pelo perfil que escrevi, que é do Mino, o pai do Capitão Rapadura, conhecido como o 'herói que tudo atura'. Pesquisando sobre o Rapadura e conversando com Mino, percebi que o herói vai muito além e que o acervo do artista também vai bem além. Cheguei ao escritório de Mino com várias perguntas na cabeça, mas, lá, esqueci o gravador e entramos em uma conversa super agradável sobre o Capitão Rapadura, sobre os outros personagens de Mino e sobre educação. Mino falou muito sobre esta importância dos quadrinhos na educação, de como os jovens conseguem se aproximar da literatura e do conhecimento por meio desta linguagem", partilha.

Também editor do Vida&Arte, o jornalista Marcos Sampaio - que escreveu um capítulo sobre o quadrinista Álvaro Rio, o Al Rio - celebra o debate sobre o gênero na mídia, nas salas de aula, em espaços cada vez mais diversos. "Os quadrinhos nunca deixaram de ser mais uma forma de discutirmos questões bem humanas. Os personagens das histórias em quadrinhos também passam por situações como preconceito, violência, exclusão social, desmandos políticos. Sempre, desde que surgiram os primeiros personagens em quadrinhos, eles mexem com o imaginário do público", conclui.

Lançamento do projeto HQ Ceará 2

Quando: Hoje, às 16 horas

Onde: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (r. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Gratuito

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