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Vestir-se é um estado de espírito? Quando você escolhe o que servirá de segunda pele, geralmente, é o seu estar no mundo, naquele momento. Não diferente, fatores como o que é desfilado pelos criativos nas passarelas, reconfigurado em museus e exposições, por exemplo, ampliam este leque de ter várias referências aleatórias intermediando a sua conexão com o mundo, de frente ao espelho. Em São Paulo, o Inspiramais capta e decodifica essas e outras influências em palpáveis.

 

Voltado aos setores calçadista, confeccionista, moveleiro, de joias e acessórios, o evento, composto também por discussões ligadas ao cenário de mercado, funciona como uma espécie de motor que alimenta, principalmente por meio da oferta de insumos ao desenvolvimento de produto, as futuras criações de moda e design a curto, médio e longo prazo.

 

A edição que desenha este primeiro semestre, a 2020_I, realizada nos dias 15 e 16 deste mês, prospecta três macro temáticas dando atenção a uma delas, "Play", que inclui, ainda, dentro dessa ideia de movimento, três subáreas a serem exploradas ("Reconfiguração", "Referências Aleatórias" e "Expressionismo").

 

O start dessa grande onda vindo aí é desvendado por Walter Rodrigues, nome aguardado do Espaço Conexão Inspiramais onde o estilista, coordenador do Núcleo de Design da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), dá as boas-vindas ao universo de experiências sensoriais recriadas a partir das tendências.

 

É sempre uma investigação, apurada meses bem antes de sua primeira aposta como é o movimento do "Play", introduzido nos estudos do Inspiramais ainda em março de 2018, chegando à sua saturação só em janeiro de 2020. Para o pesquisador da área, até lá, é o momento de despertarmos para o lúdico, para o que quisermos ser e assumimos, na moda.

 

"Estamos vivendo um momento histórico e, dentro dele, a ação do comportamento que aparece mais vigente é a ideia de que nós temos corpos vazios. Se você perceber, hoje, não há mais uma necessidade de você se conectar com tribos. Eu posso ser punk em um dia, hippie no outro... Eu posso ser quem eu quiser", explica Walter Rodrigues.

 

O diálogo entre a identidade e a criatividade representa hoje, segundo Walter, o ponto de partida para as pessoas se sobressaírem. "É bem bacana a gente entender o nosso jeito de ser e aquilo que a gente quer expressar", sugere o @newyorkfrombehind no Instagram. "O mais impactante, para mim, é que você não vê marca..., são pessoas comuns, usando coisas comuns".

 

Nessa "Reconfiguração", "a marca do Rick Owens é justamente essa estranheza", diz Walter ao relacioná-la aos autorretratos de Cindy Sherman. Ela é o salto para o "Referências Aleatórias", segunda parte da pesquisa do "Play", (des)obedecendo a uma extravagância visual (leia-se Gucci).

 

No Expressionismo, Van Gogh é rei. Pontilhado, pincelada, textura, movimento, plissado serão, de acordo com o painel temático e de referências de materiais expostos no evento em SP, como fivelas para cinto trazendo o Noite Estrelada, de autoria do pintor holandês, a atmosfera que se espera ao ano. "O artista nos ensina a pensar o futuro por meio da cor. É ele quem nos dá essa pincelada, replicada no masculino do McQueen", destaca como um dos insights precursores à volta de Gogh. (A jornalista viajou a convite do evento)

 

Conexão criativa

 

Inspirando o mercado com componentes como laminados de látex, tingimentos e estampas naturais, tecidos de fibras naturais como algodão orgânico colorido, juta, rendas, linha de tucum, além de aviamentos de origem reciclada e recicláveis, entre outras inovações, o projeto é parte de um conjunto de ações realizadas pelo Sebrae e Assintecal. Na foto ao lado, eis o primeiro calçado conceito brasileiro que combina biodesign e materiais reciclados, criado pela Ipadma e o Antimateria, a partir do Projeto Biohíbrido. "Usamos o design sustentável", atribui Sirlei Feiten, da Ipadma. A parte superior do calçado é feita por aparas de algodão mais embalagens PET.

 

REFERÊNCIAS BRASILEIRAS 

 

Zen. Para entender o projeto encabeçado pela designer Julia Webber e que, segundo ela, irá refletir nos lançamentos voltados à moda e ao design para a segunda estação, o convite parte da escolha da paleta de cores, inciando por um verde sereno como o principal mood dentro desta temática de repensar "o que é ser humano". "Esse mergulho me levou a dois caminhos: um que a gente se entende como indivíduo e, outro, como parte do todo. Isso aparece com o sisal, com o toque das peças, com o couro entalhado por pessoas do próprio Estado que serviu de mote à pesquisa", exemplifica Julia, que se debruçou, com o Referências, na Bahia. O projeto Iconografia Local, sob o olhar do designer Lucas Magalhães, trabalhou junto, nesta mesma direção.

 

Juta

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Se você se lembra - imediatamente - só na sacaria para café, saiba que esta fibra têxtil orgânica e sustentável da Amazônia vai além. Os fios e telas de juta são mais uma alternativa ecológica disponível ao mercado de moda e artesanato. O "Vista a Amazônia", apresentado pela por sua maior fabricante no Brasil, Castanhal, no Inspiramais 2020_I, engloba desde bolsas e ecobags a tênis e afins. "Precisamos encontrar novas formas de desenvolvimento com racionalidade social, ambiental e econômica", pontua o consultor têxtil especialista em economia circular, José Favilla.

 

DE OLHO

 

O home décor como extensão do lifestyle? No Inspiramais 2020_I, ganhou silhueta com as peças do arquiteto Paulo Alves. Ele é o autor da Cadeira Atibaia, que não passa despercebida por um detalhe: se olhar bem, como explica Alves sobre o projeto, ela se camufla lembrando galhos de árvores. A criação completa dez anos e já tirou o 1º lugar no Museu da Casa Brasileira. O assento também conquistou o prêmio de madeiras alternativas Salão Design Móvelsul. Ainda do estúdio paulistano no Inspiramais, ao lado a Banqueta Descartes Plastic Edition (2016), originalmente executada em compensado de reflorestamento de Sumaúma. 

 

Pisada sustentável

 

Este é o primeiro tênis After Skate do Brasil em poliamida biodegradável, apresentado pela Rhodia no Inpiramais 2020_I. O modelo intitulado Prototype pela Mary Jane, que assina o projeto criativo, tem como objetivo levar conforto, inovação e sustentabilidade às skatistas. "É uma produção 100% brasileira, que vem para ser o novo conceito sustentável de calçado esportivo", conta Mayra Montel, da Rhodia. Por falar na ideia, a edição do salão de design e inovação de materiais em SP também foi marco para o relançamento do Programa Origem Sustentável. Ele é quem certifica os processos produtivos das empresas do setor calçadista. Mais no institutobybrasil.org.br

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