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|Documentário | Dirigido por Tom Volf, filme usa entrevistas e cartas para recuperar trajetória da cantora lírica Maria Callas. Em Fortaleza, longa está em cartaz no cinema do Del Paseo
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Unindo inúmeras imagens raras - muitas e boa parte delas inéditas - o diretor Tom Volf conseguiu montar o documentário Maria Callas - Em Suas Próprias Palavras. Há cenas no palco, em ensaios com gigantes como os cineastas Pasolini e Visconti e dezenas de entrevistas em que ela fala abertamente sobre sua vida e carreira.

 

Callas interpretou no palco mulheres atormentadas por amores frustrados, subjugadas pelo mundo em que viviam. Na vida real, viveu em conflito com a família, passou por um divórcio rumoroso, envolveu-se com Aristóteles Onassis - e soube pela imprensa de seu casamento com Jaqueline Kennedy.

"Eu ouvi uma gravação de Callas pela primeira vez há seis anos. Foi, para mim, uma revelação profunda. E naturalmente quis entender o fascínio que ela provocava", conta o diretor. Em meio a muitas versões e rumores, se propôs a resgatar a voz da mulher por trás da cantora.

 

Para construir um retrato em primeira pessoa da soprano Maria Callas (1923-1977), Tom Volf deparou-se com uma mulher constantemente em conflito.

 

Callas revolucionou a interpretação na ópera. "A ópera pode ser entediante", ela diz. E o único antídoto é o poder de atuação de um cantor que se entende não apenas como uma voz, mas também como um ator, uma atriz, capaz de dar sentido aos dramas que interpreta. São poucos os vídeos disponíveis dela no palco, mas a voz, preservada em dezenas de CDs, não deixa dúvidas a respeito da intensidade das interpretações, de um sentido de urgência capaz de nos aproximar das personagens que ela vivia.

 

Não por caso, Volf constrói, com imagens, o retrato de uma mulher que é sempre levada pelos outros. Na narrativa de Volf, Callas vê a própria carreira ser sequestrada por aqueles que estão à sua volta.

 

Em meio a tudo isso, a soprano expressa várias vezes um desejo de liberdade. "É algo que chama muita atenção, uma dualidade entre a profissão e o desejo de ter uma vida que ela chama de normal", anota Volf.

 

Todas essas questões, acredita Volf, dão à figura de Callas, que completaria 95 anos em 2 de dezembro, uma força atual. Foi por isso que optou por colorizar os vídeos da soprano. "A imagem em preto e branco passa uma sensação de passado que vai contra a ideia de que ela continua presente no nosso imaginário. Ainda assim, só fizemos isso quando havia fotos coloridas disponíveis, que serviram como guia na colorização." As imagens inéditas, por sua vez, foram recuperadas em acervos particulares ou de fundações que as vinham guardando até então. 

 

(Com Agência Estado)

 

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