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História dentro da história
Vida & Arte

História dentro da história

| RETROSPECTIVA | Os 12 anos do CCBJ fazem parte de capítulos importantes da história do próprio V&A. Em muitos momentos, o centro cultural esteve em nossas páginas, retratado através de conquistas e de muitas lutas
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Tipo Notícia

 

Ao longo de seus 12 anos de existência, o Centro Cultural Grande Bom Jardim (CCBJ) tem-se mantido na cobertura do Vida&Arte. Desde a sua inauguração, em dezembro de 2006, passando pelas crises enfrentadas, a chegada aos dez anos e outras situações para além das efemérides, o caderno procurou dar voz, mais do que nunca, aos personagens e a todo o rico cenário que molda o equipamento, encravado na periferia da capital cearense.

"Faz três anos que eu administro o centro cultural. Antes, ele não tinha uma identidade. No governo atual, a gente conquistou essa possibilidade. Eu só acredito em centro que também seja escola e a população precisa participar do processo criativo e não apenas do consumo. O CCBJ tem que ser visto como uma oportunidade de conhecimento artístico. Sei que têm problemas bastante graves em termos de estrutura, mas estamos caminhando nesse processo", afirma Paulo Linhares, presidente do Instituto Dragão do Mar, que gere o centro cultural.

Com uma forte cena musical, o Grande Bom Jardim tem no rock um dos seus mais significativos cenários. "O Bom Jardim contrariou a sorte da pobreza, da periferia, mudou o prumo e hoje é conhecido como um dos bairros mais musicais de Fortaleza - de acordes pesados e distorcidos, que fique claro", descreveu a repórter Júlia Lopes, em 5/2/2001, por ocasião do Festival Bomja Rocks.

Para o ator Gyl Giffony, que pesquisou à época de seu mestrado sobre a construção da memória social do CCBJ (a partir do hoje extinto programa Cadeira na Calçada), "quando a gente fala de territórios criativos na Cidade, do que eu conheço minimamente do Bom Jardim, o bairro é um local de super potências: do Instituto Katiana Pena na dança à grupos fortes como o Nóis de Teatro. O centro cultural tem muitos altos e baixos, assim como outros incentivos, mas um ponto que está em efervescência no CCBJ é a criação", afirma.

Trícia Matias, atual gestora do CCBJ, vê na relação com a comunidade uma de suas molas propulsoras. "Existe um problema inicial que já está em vias de superação: apesar de algumas tentativas, surgidas desde 2012, o CCBJ ainda não possui um Projeto Político Pedagógico - PPP. Esta questão é crucial para delimitá-lo como uma política pública, no campo da arte e cultura, que necessita ser oficialmente reconhecida como política permanente, de Estado. No entanto, cada vez mais é notável quão mais sensível e politicamente ativo o CCBJ tem se tornado. Realizar encontros com a comunidade, ouvindo-a, acolhendo o que for possível, buscando pautar-nos sempre pela transparência quanto às possibilidades de atuação e intervenção a partir do CCBJ e dos recursos disponibilizados em cada ano, receber críticas de forma aberta e sensível, rever processos, democratizar ao máximo a tomada de decisões, construir e planejar coletivamente as ações, vislumbrando metodologias e tecnologias as mais adequadas para atingirmos os resultados mais efetivos e duradouros é o que me move quando penso e vivo o Centro CCBJ", analisa a gestora.

Teresa Monteiro

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