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Começou a palhaçada!
Vida & Arte

Começou a palhaçada!

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"E o palhaço, o que é?", pergunta a célebre marchinha lançada em 1936 e cantada por Carlos Galhardo. Difícil responder. Pode ser Bufão, Augusto ou Branco, se falarmos de arquétipos. Pode ser Pimenta, Piolin, Trepinha, Astralgisa, Novato, Sandoval ou Nada. Para os palhaços ouvidos pelo Vida&Arte, o que une todas as possibilidades de palhaçaria é a troca com o outro e, ainda, a diversidade.

[SAIBAMAIS]

A palhaça e professora de palhaçaria Júlia Sarmento, mestra em Artes pela Universidade Federal do Ceará, recupera o percurso histórico da figura para contextualizar o surgimento das múltiplas possibilidades. "Há diversas figuras da história das artes cênicas que se aproximam da figura humorada e disruptiva que o palhaço encarna. A commedia dell'arte (movimento italiano do século XV) é um momento específico e curto, inclusive, da história do teatro onde há espetáculos que tinham roteiros decorados e algumas coisas precisavam acontecer para a história se desenrolar. Mas os atores, alguns mascarados, ou seja, tipificados, podiam improvisar", explica. Outro momento histórico importante foi o estabelecimento do circo moderno na Inglaterra, em 1768. "Havia uma sucessão de números de habilidade e o palhaço preenchia os intervalos, comentava o que foi feito antes numa paródia, numa chacota", avança Júlia.

 

A partir dos anos 1960, a commedia dell'arte foi resgatada por pesquisadores, entre eles o francês Jacques Lecoq, que desenvolveu "a pedagogia da máscara" no treinamento do ator. "O palhaço (então) é incluído numa esfera que não a dos espetáculos. Lecoq 'metodologiza' uma forma de se formar palhaço. Isso é uma inovação, porque até então ele vinha das famílias circenses, numa tradição oral onde o fazer se dá pela passagem de truques e números da família. O palhaço saiu da esfera familiar e mágica para entrar num lugar de treinamento", resume Júlia.

 

A partir daí, o palhaço passou a ser utilizado em "uma série de questões que, a princípio, não faziam parte do métier", como explica a professora. Como exemplos dos lugares ocupados por ele, podem ser citados a rua, a academia e até os hospitais, por exemplo. No Ceará, convivem diversas abordagens, da tradicional do mestre da cultura Palhaço Pimenta ao coletivo Cio das 5, de palhaçaria feminina.

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