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Sorriso de Grinch
Vida & Arte

Sorriso de Grinch

Clássico infantil de Dr. Seuss, O Grinch ganha nova versão animada com a história do ser verde e mal humorado que odeia o Natal
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Em 2010, a Illumination Entertainment foi apresentada ao mundo como uma gigante da animação computadorizada com a história de um sujeito ranzinza que acaba descobrindo um lado terno de si. Gru, protagonista da franquia Meu Malvado Favorito, é o clássico personagem cujo carisma recai todo na maldade sem fundamento. É um desses sujeitos que esvai toda a crueldade em atos aleatórios de ruindade - o que, no fim das contas, o faz ser perfeitamente inofensivo. Passados oito anos, a Illumination volta à fórmula com O Grinch, de Yarrow Cheney e Scott Mosier, uma homenagem ao "vilão" que é uma espécie de pai de Gru.

 

A história do hermitão verde que nutre um profundo ódio do Natal foi adaptada para a TV pela primeira vez em 1966, no especial natalino Como o Grinch Roubou o Natal!, de Chuck Jones, Ben Washam e com voz de Boris Karloff - astro de clássicos de terror como Frankenstein (1931). Para o público mais recente, o bicho verde resmungão é mais conhecido pela versão de Ron Howard, O Grinch (2000), na qual o personagem é interpretado com exagero por Jim Carrey sob densa maquiagem. Depois da animação tradicional e da versão em live action, a criação de dr. Seuss surge com todos os tons berrantes de verde na sua primeira animação em 3-D.

 

Dessa vez, quem empresta a voz é Benedict Cumberbatch no áudio original e Lázaro Ramos na dublagem nacional. Ou seja, duas opções mais que satisfatórias para conseguir equilibrar a personalidade difícil do Grinch e o carisma necessário para o filme funcionar. Na animação, o personagem não cai nos exageros de Jim Carrey, que fizeram do Grinch uma caricatura da maldade. Limpa essa característica, porém, pouco sobrou do personagem. 

 

O Grinch da Illumination parece apenas um homem de meia idade, com dificuldade para acordar pela manhã. Os dentes muito brancos, o cabelo precisamente despenteado, os tons de verde dos pelos em perfeita harmonia. Por mais vilanesco que o personagem possa ser, nós quase sempre o vemos do lado do cachorro Max, que, como todo cão de filme, é carisma puro. Na obra original, o animal era uma ponte de humanidade no monstro verde. Aqui é a prova de que o Grinch nunca foi mau de verdade. 

 

Em sua segunda adaptação de obra do dr. Seuss - a primeira foi O Lorax (2012) -, a Illumination consegue mostrar evolução na construção do design de produção. A vila Quem, em especial, é trabalhada de forma bem mais minuciosa do que a vista nas primeiras obras da produtora. Há ali tanta felicidade, tanta cor, tanto elemento, que mesmo o menos ranzinza dos personagens talvez também rejeitaria. Por outro lado, não há qualquer sobretom soturno - algo que encaixaria bem no cenário isolado da casa do Grinch. Mesmo os flashbacks da infância do monstro verde trazem pouca profundidade para uma obra demasiadamente infantil. 

 

Na sua breve trajetória, a Illumination provou que conhece atalhos para o sucesso. Gente mal-humorada (Gru, Grinch) ao lado de seres fofinhos (Agnes, Max) é fórmula bem eficiente. Falta, no entanto, a construção de uma história. Algo a mais, capaz de envolver e emocionar, em vez da aposta pelo riso fácil da comédia física. A Pixar já o fez inúmeras vezes e por isso ela é a Pixar. Mesmo a Dreamworks já acertou, ainda que mais comumente tenha errado. À Illumination, resta um longo caminho. 

 

VEM AÍ!

 

Estreias

Para além das estreias de Millennium: A Garota na Teia de Aranha e O Grinch, a semana cinéfila reserva uma série bem diversificada de opções. A mais diferente talvez seja Operação Overlord, longa de terror dirigido por Julius Avery e produzido por J. J. Abrams. Se uma obra de horror passada no Dia D da Segunda Guerra Mundial já parece sui generis, quando se adiciona o fator zumbi tudo fica mais... incerto.

 

Pois bem, seguindo a listagem, o longa Chacrinha - O Velho Guerreiro, de Andrucha Waddington traz toda a trajetória de José Abelardo Barbosa (Stepan Nercessian), desde a juventude até o sucesso como o emblemático Chacrinha - um dos mais icônicos apresentadores da TV brasileiro.

 

Uma opção excelente no circuito alternativo é o cearense A Misteriosa Morte de Pérola, de Ticiana Augusto Lima e Guto Parente, que estreia no Cinema do Dragão. A obra é ao mesmo tempo fascinante, assustadora, minimalista e inventiva. Uma pérola, com perdão do clichê. O Dragão também recebe a estreia do francês A Prece, de Cédric Kahn.

 

Para a semana, haverá ainda a pré-estreia da superprodução Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindewald, na madrugada de quarta-feira. O filme se passa no universo de Harry Potter e tem roteiro de J. K. Rowling, escritora da série de livros.

 

 

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