O POVO - A trajetória do Thomas é gravada de forma muito direta, bem documentada. Como foi a pesquisa sobre o processo de reabilitação?
Cédric Kahn - Houve muita documentação antes da escrita do roteiro, muitos testemunhos, e nós somos muito fiéis às histórias que nos contaram. Os testemunhos no filme são testemunhos autênticos. Mas depois tudo foi reconstituído com os cenários e os atores em um novo lugar.
OP - O filme registra o vício com uma visão equilibrada. Quais os desafios de fazer um filme sobre religiosidade sem pregar ou julgar?
Cédric - Eu só queria mostrar a prece como uma ajuda, uma possibilidade. A religião é mostrada em seus aspectos mais duros, mas também os mais positivos, e a fé é sempre questionada, os jovens se fazem muitas perguntas sobre a fé. Para mim, os jovens também são salvos pela amizade, pela vida em grupo, aprendem confiança.
OP - O discurso do filme pode ser de afirmação ou incredulidade em relação à religião. Como desenvolver ambas as possibilidades?
Cédric - Eu creio que deixo essa liberdade para o espectador. A cena do milagre, por exemplo, também pode ser vista como uma reparação pela natureza, ou a cena final como um abandono de suas convicções ou como a oportunidade de viver livremente sua fé. A história adere às emoções do personagem, mas não impõe nenhum ponto de vista ao espectador