Berlim é um exercício de refazer-se. Talvez por isso escape de qualquer clichê projetado sobre ela. É uma cidade vivaz e demarca seu espírito livre depois de ter atravessado todo tipo de atrocidade no século passado - que inclui a instauração do nazismo, a Segunda Guerra e o muro que dividiu a Cidade.

Rica em museus e memoriais (muitos com visitação gratuita), Berlim demanda uma semana para ser apreciada com calma, entendida em todos os seus recortes históricos. Mas em qualquer que seja o tempo disponível, o visitante vai encontrar uma cidade envolvente: há um ar jovem e futurista, mas há também um compromisso claro em falar sobre o passado.

Do alto, Berlim se torna um tanto mais fácil de ser compreendida. No Reichstag, um domo de vidro com subida em espiral, resume a Cidade a partir dos prédios dali avistados. Na Torre de TV, enquanto se faz uma refeição no restaurante giratório, os principais prédios vão se encaixando nas marcações do vidro que dá vista para a cidade. No andar logo abaixo, o patrimônio da capital alemã fica mais detalhado. Outra opção de vista da cidade é subindo a galeria da Berliner Dom, igreja luterana que determina o auge da beleza da Ilha dos Museus, um complexo cheio de conteúdo histórico relevante guardado em cada prédio, mas também uma área agradável e bonita ligando tudo isso.

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Para aprender sobre os horrores do Holocausto, vá além de posar para fotos nos blocos cinza do Memorial dos Judeus Mortos na Europa. Abaixo da instalação, a História é contada em detalhes e é difícil não perder as palavras quando se chega à segunda sala. Outro local que detalha as ações autoritárias, a queima de livros e as perseguições são os painéis da Topografia do Terror, localizada numa antiga sede da Gestapo.

Ali há um pequeno pedaço original do Muro de Berlim (como na Potsdamer Platz e em outros trechos da cidade, mas o local que oferece uma compreensão melhor da Guerra Fria está longe das gracinhas de Checkpoint Charlie. É o Memorial do Muro, na Bernauer Strasse. Conta sobre as tentativas de fuga, as vidas separadas e as medidas cada vez mais extremadas no complexo de concreto que cercava a chamada faixa da morte.

Este relato tá muito pesado? A história recente de Berlim é. Mas tem também o encanto do Tiergarten, ainda mais, quando alaranjado no outono, a tranquilidade do palácio Charlottenburg e a força do estádio, concebido para os Jogos Olímpicos de 1936 e reformado para a Copa de 2006. E tem, principalmente, a firmeza de uma Cidade que se refaz o tempo inteiro.