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Entraves e possibilidades
Vida & Arte

Entraves e possibilidades

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Se temas relacionados a cultura, ancestralidade e a própria existência do negro na esfera atual ainda ocasionam embates acalorados, falar de africanidade num contexto de sala de aula torna-se questão fundamental, sobretudo, para o próprio esclarecimento do tema. "Um dos principais pontos em relação a isso é que falar de história e cultura negra não está atrelado à ideia de conversão religiosa e proselitismo. Um segundo é que, se crianças, jovens e adultos se veem no currículo escolar apenas de forma subalternizada, esse mesmo currículo não as interessa", questiona Patrícia Matos, também autora dos livros Adjoké e as palavras que atravessaram o mar (2015) e Baú Ancestral: Histórias de Bisavó (2018).

Para ela, a forma como o tema chega às salas ainda é muito aquém do que prevê a Lei 10.639/03, que completa 15 anos agora em 2018. "Na verdade, esse tema ainda não é colocado em pauta da forma que se faz necessária e urgente. Em sua maioria, o debate e o estudo ficam restritos apenas ao Mês da Consciência Negra, à semana do 20 de novembro ou somente ao dia", ressalta. Para debater sobre os entraves e as novas possibilidades do tema, o Espaço O POVO de Cultura & Arte realiza a mesa-redonda Africanidades em Sala de Aula amanhã, 21, às 16 horas.

Com entrada franca e mediação de Viviane Pereira, gerente pedagógica da Fundação Demócrito Rocha (FDR), irão participar o professor do Departamento de História da UFC, Franck Ribard; a coordenadora do projeto A Cor da Cultura, do Canal Futura, Maria Corrêa; e o educador da rede estadual de ensino Marcos Vinícius. "A ideia foi realmente promover uma discussão para refletir sobre a aplicabilidade e a execução da lei que obriga o ensino da história e da cultura afro-brasileira na educação básica. A gente imagina que vá gerar uma discussão interessante para a questão racial", espera Regina Ribeiro, editora executiva da Editora Dummar.

"A população brasileira, segundo dados do IBGE, é composta por mais da metade de pessoas negras (pardas e pretas). Neste sentido, é mais do que lógico que os conteúdos escolares abordem a história e as culturas afro-brasileiras e africanas. Com a necessidade da compreensão da abrangência e da diversidade da afrodescendência brasileira, este é um ponto essencial para poder se atacar ao racismo, inclusive institucionalizado, e vislumbrar uma sociedade mais justa e igualitária", afirmou Franck Ribard. Para Hilário Ferreira, Mestre em História pela UFC e professor da Faculdade Ateneu, um ponto fundamental diz respeito à "falta de um aprofundamento sobre a história e cultura dos negros do Ceará".

"Considero primordial que abordemos sobre os povos africanos que predominaram em cada Estado. No Ceará, seria a cultura Congo-angolana, e o que se observa são formações que abordam mais a cultura Iorubá. Vejo isso com preocupação porque, se não trabalho a cultura do povo que predominou em nosso Estado, não estou ajudando no resgate da memória étnica e identitária do povo cearense", conclui.

Africanidades em Sala de Aula

Quando: amanhã, 21, às 16h

Onde: Espaço O POVO de Cultura & Arte (av. Aguanambi, 282 - Joaquim Távora)
Entrada franca (mediante inscrição) – haverá sorteio de livros e kits do projeto A Cor da Cultura, além de emissão de certificado pela Fundação
Demócrito Rocha (FDR)
Outras informações no link

 

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