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A leveza do encontro
Vida & Arte

A leveza do encontro

| Documentário | Selecionado para as mostras oficiais dos três principais festivais de cinema com temática LGBT do Brasil, Aqueles Dois, de Émerson Maranhão, acompanha o cotidiano de dois homens trans no Ceará
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Quixeramobim, no sertão central do Ceará, e Fortaleza, a capital cearense, ambientam a narrativa que une Kaio Lemos e Caio José. Por esses dois espaços, transitam suas vidas que, afinal, têm muito pouco em comum. Aliás, dificilmente seus caminhos teriam se cruzado não fosse por um fato: ambos são homens trans, em processo de adequação da aparência física à sua identidade de gênero.

 

Kaio Lemos e Caio José protagonizam o documentário Aqueles Dois, de Émerson Maranhão. O jornalista assina pesquisa, roteiro e direção do curta, que foi selecionado para as mostras competitivas de três dos mais importantes festivais de cinema com temática LGBT do País - Mix Brasil, Recifest e For Rainbow. O documentário acompanha o cotidiano dos dois personagens - seus desafios, suas relações familiares e seus afetos.

 

"Conheci Kaio Lemos há quatro anos, quando estava produzindo uma websérie especial de Natal sobre pessoas que estavam passando por mudanças de vida", lembra Émerson. Neste período, Kaio estava vivendo a transição de gênero e dividia apartamento com o amigo, Caio José. Motivado pela história, o diretor iniciou a pesquisa para desenvolver o curta. "Primeiro eu li a autobiografia do João Nery, herói da causa trans no Brasil, para entrar em contato com esse universo. Eu tinha essa história na mão e queria muito contar", lembra.

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Para Émerson, um cuidado inicial foi abordar essas histórias sem olhar de estranhamento. "O curta tem essa preocupação crucial, que é oferecer uma visão naturalizada para a questão trans. Não existe segmentação da vida dos 'Caios'. Ambos carregam histórias que seriam consideradas comuns, mas que se tornam extraordinárias por causa da identidade de gênero deles. É isso que desejo mostrar para o espectador", pontua o diretor.

 

Filmado em Quixeramobim, Fortaleza e na praia da Taíba, no município de São Gonçalo do Amarante, a produção do curta durou pouco mais de um ano, desde a pré-produção até a finalização. "Penso que Aqueles Dois já era um projeto maduro, tendo em vista que o diretor, Emerson Maranhão, como jornalista e cineasta, já havia feito uma ampla pesquisa sobre o tema e seus personagens, bem antes das filmagens", conta Allan Deberton, produtor executivo do curta.

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Aqueles dois foi produzido com o apoio do 1º edital LGBT do Ceará. "Com uma equipe reduzida, conseguimos viajar pelos locais de filmagem, indo para a cidade onde mora cada um dos protagonistas, participando um pouco de suas rotinas e de seus espaços" pontua Allan. Para o desenvolvimento do enredo, a produção escolheu um terceiro local, a Taíba, como o ponto de encontro entre os dois personagens da trama.

 

Com 15 minutos de duração, Aqueles dois conta com direção de fotografia do pernambucano Breno César; P.H Diaz na edição; Márcio Câmara no som direto; Natasha Silva, na direção de produção; trilha sonora original de Pedro Motta; mixagem de Érico Paiva (Sapão) e finalização de Glauco Guigon.

 

Dirigindo seu primeiro curta-metragem em cinema, Émerson considera que o mais gratificante é poder aproximar o espectador do universo trans, sobretudo porque o filme se propõe a trazê-los no centro da narrativa. "Foi uma experiência intensa. Uma oportunidade - sem dúvidas - de expandir minha compreensão do mundo". 

 

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