Logo O POVO+
Moda transparente
Vida & Arte

Moda transparente

| Cadeia produtiva | Novo estudo do Fashion Revolution apresenta o Índice da Transparência da Moda Brasil com análise de 20 grandes marcas e varejistas do mercado nacional
Edição Impressa
Tipo Notícia Por

Divulgado no último dia 11, novo documento disponibilizado pelo Fashion Revolution é o primeiro Índice de Transparência da Moda Brasil, elaborado pelo Fashion Revolution CIC e Instituto Fashion Revolution Brasil. O acesso ao conteúdo online permite uma análise de 20 grandes marcas e varejistas do mercado brasileiro, classificadas de acordo com a quantidade de informações disponibilizadas sobre suas políticas, práticas e impactos sociais e ambientais.

 

Em uma primeira análise, "o que mais me chamou atenção foi o grau comparativo que o instituto propôs, fazendo uma escala percentual entre 0 e 100% para 'pontuar' as marcas que são mais ou menos transparentes com seus dados sobre criação, produção, distribuição e relacionamento social", observa o representante local do Fashion Revolution Brasil, Belchior Araújo, em entrevista ao O POVO.

 

A iniciativa de ranquear os dados em prol da transparência na moda tenta dar novas perspectivas aos processos de desenvolvimento do design, tornando-os claros e coesos com a história das marcas. Para Belchior, "vale o incentivo a marcas menores de deixar seus processos mais próximos dos clientes, oferecendo serviços e produtos autênticos, em diversos aspectos", lembra sobre o cenário em Fortaleza.

 

Na visão da fundadora e diretora global de operações do Fashion Revolution, Carry Somers, a transparência é como a água. "Ela começou como um gotejamento lento após o desabamento da fábrica Rana Plaza em Bangladesh. Depois foi borbulhando por entre as rachaduras", traz à tona em texto, no prefácio do Índice. Segundo Carry, os resultados mostram que a transparência ainda tem muito que filtrar no tecido da indústria no Brasil. "Das marcas analisadas, 75% pontuaram 30% ou menos, enquanto 40% das marcas ficaram com zero na pontuação. A pontuação média geral é de apenas 17%", revela.

 

O projeto do Índice de Transparência da Moda existe globalmente desde 2016. Além de revisar e classificar os dados que as empresas abrem ao público, o estudo traz este interesse em querer saber mais sobre #quemfezminhasroupas. "As marcas que sabem usar as ferramentas da transparência para navegar nesse novo curso serão aquelas que irão sobreviver e prosperar no futuro", assegura a fundadora do movimento pela transparência na moda, Carry Somers.

 

Mais a fundo no trabalho escrito por Sarah Ditty e Eloisa Artuso, o material de 2018 resgata panorama recente da moda brasileira. De acordo com dados de 2017 da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Brasil é um dos principais polos têxteis do mundo e representa o quarto maior parque produtivo de confecção. A publicação também diz que o País é a última Cadeia Têxtil completa do Ocidente, que contempla desde a produção das fibras, como o algodão, passando por fiação, tecelagem, confecção e varejo, até as passarelas.

 

O cenário deixa claras as responsabilidades de todos ao longo da cadeia de fornecimento. "Apesar de mais recentes no Brasil, as questões em torno da sustentabilidade na moda estão sendo priorizadas por varejistas e cadeia produtiva, diante de consumidores mais conscientes e exigentes", avalia o diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), Edmundo Lima, no estudo com a parceria técnica do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces).

 

Segundo o Índice, em média, as empresas obtiveram 32% na primeira seção, que analisa as informações sobre suas políticas e compromissos. No entanto, das 20 marcas, apenas sete pontuaram na seção de rastreabilidade e 12 pontuaram questões que tratam dos procedimentos e resultados das avaliações de fornecedores, com um desempenho médio de 11%.

Confira o Índice completo acessando www.fashionrevolution.org.

 

As 20 marcas selecionadas

ANIMALE

BROOKSFILED

C&A;

CIA. MARÍTIMA

ELLUS

FARM

HAVAIANAS

HERING

JOHN JOHN

LE LIS BLANC DEUX

MALWEE

MARISA

MELISSA

MOLECA

OLYMPIKUS

OSKLEN

PERNAMBUCANAS

RENNER

RIACHUELO

ZARA

* A distribuição incluiu os segmentos de varejo, jeans, jovem, casual, luxo, adulto, calçados, esporte e praia. A definição das marcas de cada segmento foi baseada em pesquisas sobre a relevância de cada uma.

 

O que você achou desse conteúdo?