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Um reino chamado infância
Vida & Arte

Um reino chamado infância

| No TJA | Poeta e dramaturgo Oswald Barroso lança, amanhã, 13, o romance Menino Amarelo: as desventuras de um rei desencaminhado, o primeiro volume de suas memórias ficcionais
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Para "atar as duas pontas da vida", Oswald Barroso nos transporta para uma infância sonhada, cômica e poética. É assim que Menino Amarelo: as aventuras de um rei desencaminhado contorna as lembranças de uma meninice vivida na Fortaleza dos anos 1950. Pelos olhos de Raimundo Flor, protagonista da trama, Oswald enxerga a si mesmo e a saudade de uma cidade que acolheu suas travessuras e descobertas. "Do barro que sobrou da criação do mundo", o escritor cria um universo que vasculha as coisas ínfimas: as pessoas, os sentimentos e as cenas da vida comum.

 

"Fortaleza era uma cidade para as crianças, para passear no centro, tomar sorvete na praça, andar de mãos dadas na calçada", lembra. Por diversos reinos - bairros da capital - o menino rei descreve um retrato da Cidade a partir de suas reminiscências: as marchinhas de carnaval na Senador Pompeu, as molecagens de casa em casa na rua Dona Leopoldina e os banhos de mar nas águas do Mucuripe. A ingenuidade e a ânsia pelo desconhecido, traço marcante de Mundinho Flor, é o passaporte para um imaginário fértil em que Oswald se põe diante de múltiplos espaços e memórias.

 

A saga do menino é o primeiro romance épico do escritor. "Eu já tinha escrito romance de cordel, não romance em prosa. Mas eu não gosto de ficar fazendo a mesma coisa ao mesmo tempo, gosto é de viver muitas vidas em uma só", brinca. Dramaturgo, sociólogo, jornalista e professor, Oswald escolheu, dentre tantas outras facetas, a poesia como sua morada. "Me expresso de várias formas, mas no fundo me considero poeta. Porque minha poesia é tornar visível o invisível: é um mergulho no mundo fantástico, maravilhoso, espiritual", completa.

 

Na trama literária, a voz narrativa de Oswald desenha um percurso pessoal, imaginativo sem esquecer o rigor histórico com nomes, datas e lugares. "Decidi não escrever meu livro de memórias em primeira pessoa, e isso eu aprendi com o (Bertold) Brecht. Como narrador, eu me sinto mais à vontade para mergulhar o leitor na história", explica. Primeiro volume de uma obra planejada para mais quatro, Menino Amarelo abarca a infância do autor até o início da adolescência. O lançamento da obra acontece amanhã, a partir das 17 horas, no Theatro José de Alencar.

 

Na casa da mãe Alda, Oswald encontrou seu "canto no mundo, seu primeiro universo". Neste lugar de encontros e de sonhos é que o pequeno Mundinho Flor descobre histórias e narrativas ficcionais que, ainda hoje, povoam o amplo imaginário do escritor. Na molecagem de rua, o menino descobriu não apenas uma "cidade-casa", mas também um imenso mundo a ser explorado a partir das manifestações populares. "Acho que minha paixão pela cultura popular vem desse meu encanto pelas expressões cotidianas, gosto que brotou ainda na infância", recorda.

 

Para contar as aventuras e desventuras de um rei desencaminhado, o artista plástico Descartes Gadelha atravessa as fronteiras da narrativa e reconstrói, com riqueza de estilo, o reino que Oswald criou com as palavras. O convite despretensioso para desenhar a capa do livro, surgido em 2017, resultou em 90 ilustrações que dão um contorno lúdico para o Menino Amarelo. "Depois que entreguei o texto para o Descartes, ele mergulhou no mundo de Raimundo Flor. Resultou num trabalho primoroso, também porque ele conhece nossa cidade como ninguém", avalia Oswald.

 

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Lançamento do livro Menino amarelo: as desventuras de um rei desencaminhado
De Oswald Barroso

Quando: 13, quinta, às 17h

Onde: Theatro José de Alencar

Quanto: R$ 30

253 páginas

 

Multimídia

Descubra o Menino Amarelo por trás de um dos maiores dramaturgos da cultura nordestina.
Acesse: opovo.com.br/videos

 

 

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