Logo O POVO+
Histórias no meio da rua
Vida & Arte

Histórias no meio da rua

| Noite | A antiga "rua do Fafi" ganha novas matizes e novos hábitos. A boemia que imperava seis anos atrás abriu espaço para emergir um novo polo gastronômico da Cidade
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

A rua Norvinda Pires foi e é protagonista na história de muita gente em Fortaleza, do tempo em que era a espalhafatosa "rua do Fafi" aos dias de hoje, em que é conhecida como vilinha, ruazinha ou Vila Pita. Localizada entre as ruas Desembargador Leite Albuquerque e Torres Câmara, na Aldeota, o trecho da via guarda histórias muitas de um passado recente e elabora novas memórias no presente. Há seis anos, a "rua do Fafi" deixava de existir, com o encerramento das atividades do bar que apelidava o logradouro e de outros estabelecimentos, como o Bebedouro e o Trip Bar. O Maria Bonita, um dos mais antigos da rua, contava quase duas décadas quando fechou, em 2017, sendo ainda a resistência de uma geração.

 

Antes de findar a fase mais efervescente do espaço, a rua Norvinda Pires abrigava opções diversas, em programações que ocupavam quase todos os dias da semana e costumavam ir até o amanhecer, principalmente, sexta e sábado. O meio da rua era uma atração à parte e, para muitos frequentadores, a principal. Foi ali, naquela via de calçamento, onde muitos jovens começaram a tomar os primeiros copos de cerveja e os primeiros goles de vinho barato; onde amores acontecerem, foram chorados e se desfizeram; onde abraços ébrios se entrelaçaram para cantar e dançar. O cenário era assim: em uma ponta da via podia-se ouvir um DJ colocando Heart of Glass nas pickups, ao mesmo tempo em que, a poucos metros, o público já escutava a voz marcante de Fátima Santos entoando sambas e incitando brindes. Ali perto, podia-se ouvir ainda bandas relembrando clássicos do rock e do blues, além de músicas autorais da cena cearense.

[SAIBAMAIS] 

Depois disto, por um tempo, a Norvinda Pires ficou em uma espécie de limbo cultural, antes de ganhar nova alma. Se antes o espaço abria as portas para a boemia, hoje, os estabelecimentos da rua e suas esquinas são restaurantes, na maioria, com uma aura mais sofisticada, como Apelo Piadineria, Hey Joe, Menu Açaí, Nemo, Pastifício Primo, Josephine Patisserie e Donkey Head Cervejaria. Quem chega à rua não vai mais encontrar uma multidão espalhada, mas, sim, mesas nas calçadas com grupos de amigos e casais conversando, em uma "diversão sentada".

 

"A gente ainda recebe público do Fafi aqui no restaurante. Eu acho que tem uma história, além de ser um lugar super aconchegante, mantendo coisas da casa originais, como o piso, que é o mesmo. Para mim, é feliz a memória", celebra Michelle Borges, proprietária do Apelo Piadineria, restaurante contemporâneo montado na mesma casa onde o Fafi Bar funcionou. "No começo, foi muito difícil de a gente se colocar como bistrô, porque antes era um lugar muito badalado, que virava madrugadas. Isso mudou, porque, realmente, é uma casa que começa cedo e vai até, no máximo, 1h30min. Não é uma casa para esticar, não é um pub", explica Michelle, que antes de ser dona do restaurante, é bailarina e coreógrafa. No Apelo, a culinária mais refinada é protagonista, tendo o carro-chefe a piadina - pão típico italiano servido com diversos acompanhamentos. Os drinks também são um grande destaque do menu, com opções das clássicas às mais elaboradas. Hoje, destaca Michelle, o público da ruazinha continua sendo bastante diverso, com uma identidade própria bem diferente de tempos atrás.

 

Atravessando a rua, está outro restaurante que ganha destaque. O Hey Joe Food 'n' Bar está no número 32 da Norvinda Pires há um ano - antes disto, era um food truck na avenida Dom Luís - tendo a gastronomia saudável como destaque. O cardápio, elaborado por um dos três proprietários, Fabiano Pedon, está em constante mudança. Hoje, uma das apostas da Casa é o sanduíche de carne de caju. Outros destaques são o nhoque de batata doce ao molho gorgonzola, o hot dog vegano e outras opções com e sem carne.

 

"A gente iniciou com cinco sanduíches, todos com essa pegada mais saudável. No início mesmo, a gente nem chegou a vender refrigerante", lembra a sócia Marina Mapurunga. Ela contextualiza que, quando a marca passou a ser restaurante, no ano passado, os três sócios perceberam que poderiam atender aos mais diversos nichos: o vegetariano/vegano, o que gosta de opções sem carne e os que comem pratos carnívoros. "Eu não consigo limitar o nosso público", interpreta Marina.

 

Hoje, inclusive, o restaurante irá promover uma festa aberta na rua, com as bandas Dubaile e The Mob, além dos DJs Gato Preto e Nego Célio. Assim como nas duas edições anteriores, a ideia é levar o público para a rua. E lotar novamente. "Qual que é nosso intuito? Que as pessoas se apropriem do espaço público novamente. Eu amo quando a gente tem a liberdade de ficar no meio da rua bebendo com os amigos", aposta Marina.

 

Festa Ruazinha

O quê: atrações Dubaile, The Mob, Dj Gato Preto e Dj Nego Célio no meio da rua Norvinda Pires

Quando: hoje, a partir das 16 horas

Onde: rua Norvinda Pires - Aldeota

Informações: www.heyjoefoodnbar.com.br/ruazinha

Gratuito

 

 

O que você achou desse conteúdo?