Logo O POVO+
Da arte de se transformar
Vida & Arte

Da arte de se transformar

| FESTIVAL | Através da plataforma Catarse, campanha de financiamento coletivo segue aberta para a realização do Festival Frisson, que vai apresentar espetáculos dirigidos e protagonizados por artistas transformistas
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Em 2015, o fotógrafo cearense Régis Amora, do Descoletivo, estreitou seu contato com o universo transformista ao gravar, juntamente com Marília Oliveira, um curta-metragem: O Sonho de Nina. Tendo como cenário a boate Divine, extinta em Fortaleza naquele mesmo ano, o material foi estrelado por Camilly Leycker, nome artístico do ator, bailarino e figurinista Davi Alenquer. Dois anos após, o Descoletivo lançava na praça Tempo Imperfeito - Uma Fotobiografia de Camilly Leycker e, de lá para cá, começaram a despontar em Régis alguns questionamentos acerca da arte e produção destinadas ao público LGBTQI.


"Algo que me inquieta, particularmente, é o fato de eventos voltados para a discussão de pautas em torno de gênero e diversidade terem enfoque maior em mesas de discussão com especialistas e acadêmicos, enquanto a prática e produção artística de artistas LGBTQI invisibilizados ou que não venham do meio acadêmico, não terem vez dentro dos próprios eventos", argumentou o fotógrafo. Dentre problematizações como qual o papel cultural que os atores transformistas desempenham no cenário artístico de Fortaleza, surgia, assim, o embrião do Festival Frisson.

[SAIBAMAIS]

"O Frisson vem também para questionar de que maneira esse território do teatro pode denunciar práticas de exclusão ou mesmo desenvolver estratégias teatrais contra o processo de invisibilidade dos artistas transformistas em Fortaleza. Não tenho conhecimento de outra iniciativa no modelo de festival que contemple artes das mais diversas tendo como enfoque maior a arte transformista, mas sim tendo sempre como recorte a produção LGBTQI para as demais manifestações artísticas como fotografia, vídeo e intervenção urbana", afirmou.


Marcado para acontecer ao longo de todo o mês de outubro, o festival tem sido pensado de forma ampla e, para ser plenamente viabilizado, Régis Amora abriu uma campanha de financiamento coletivo via Catarse. Para colaborar com quantias a partir de R$ 20, a iniciativa - cuja meta é atingir R$ 7 mil - destina-se a custear cachê, produção, iluminação e sonoplastia (além de taxa da própria plataforma). "Esta primeira edição acontecerá de forma independente, mas a ideia é que possamos captar recursos para fazer uma maior e que contemple cada vez mais artistas, sem processos de seleção/exclusão, mas num formato que agregue mais do que segregue".


O carro-chefe do Festival Frisson reside nos espetáculos montados, dirigidos e protagonizados por artistas da cena, a exemplo de Rayanna Rayovack, Fábio Nobre, Wilmar Lobo e Noélio Mendes. Com entrada gratuita e sempre às terças-feiras, os destaques da primeira edição serão Deydi In Concert e A Casa da Diva (dia 9, na abertura), Frenesi (dia 16), Aos Teus Olhos (dia 23) e Atiraste Uma Pedra (dia 30). A programação, porém - ainda em processo de fechamento de parcerias com os equipamentos culturais da Cidade - irá contemplar também lançamentos de livros ou publicações independentes, uma intervenção performativa de Marília Oliveira (envolvendo questões de gênero) e mostra de curtas-metragens. "A expansão da programação depende da campanha no Catarse", alertou.


A exposição A Estética da Montação, de Régis Amora, ficará em cartaz na Galeria Ramos Cotoco (anexo do Theatro José de Alencar). "A Estética da Montação é uma instalação fotográfica que parte de uma pesquisa que venho fazendo há aproximadamente quatro meses sobre o universo transformista e, mais especificamente, sobre o processo de tornar-se outra persona, processo este que acontece com os artistas transformistas. Então, da pesquisa, selecionei quatro artistas para me aprofundar em questões que estão sendo elaboradas para a instalação, desde as motivações dos artistas para iniciar nesta arte até o percurso performático de se montar. Na instalação, o público poderá conferir fotografias, vídeos, textos das próprias artistas e objetos pessoais deslocados/ resignificados para um ambiente expositivo", adiantou.

 

Festival Frisson 2018: Campanha Catarse

Quando: até 4 de outubro

Valor da meta: R$ 7 mil

Abertura do evento: 9 de outubro

Para colaborar: www.catarse.me/frisson

Contribuições a partir de R$ 20

 

O que você achou desse conteúdo?