Advogado por formação, Alan Morais, 42, tem seu nome marcado na Cidade por motivos muito além de escritórios, ternos, gravatas e protocolos jurídicos. Sobretudo à época do Pré-Carnaval e Carnaval propriamente ditos, o boêmio bairro do Benfica seguiu, durante cerca de dez anos, como palco certo para a alegria e as cores de uma tal Lagarta de Fogo, bem como personagens (Freud, Antônio Conselheiro, etc) e, principalmente, uma irreverência sem medida, trazidos a reboque de um bloco: Sanatório Geral.

Alan, dessa forma, tornou-se ainda mais conhecido - e ainda segue nessa empreitada - tendo seu nome estreitamente ligado às discotecagens noturnas feitas somente com vinis em diversos espaços de Fortaleza. Com toda essa bagagem, ele - que ainda enveredou em mais três outros projetos musicais pós-bloco (Us Bicho de Urêa, Roda de Frevo e os Doido da Asa) - , sentiu a necessidade de lançar-se mais além. Por incentivo de amigos, encontra-se em campanha de financiamento para custear as despesas da gravação de seu primeiro disco solo. Através da plataforma Vakinha, os interessados têm até o dia 20 de outubro para dar suas contribuições, cuja meta final é R$ 30 mil.

"Esse disco é um sonho antigo. Desde o tempo do Sanatório Geral que eu, vendo o resultado desses dois discos (do bloco) - que são de Carnaval e praticamente só frevo - queria fazer outras coisas. Tinha já algumas músicas de frevo, mas outras foram surgindo depois. O fato é que os amigos começaram a dizer que eu apostasse nessa coisa (de gravar). O Moacir Bedê chegou pra mim e disse: 'Cara, vamos viabilizar isso aqui!'. Então a gente vai gravar no estúdio do Fábio Amaral (baixista), mas precisa que os músicos recebam o que merecem, né", explicou em relação aos custos.

Batizado de Todos os Ritmos, o CD irá fazer jus ao nome, trazendo para as faixas um apanhado múltiplo de sonoridades com a direção musical assinada por Rogers Tabosa e Moacir Bedê. "Tenho músicas com o Danilo Patrício, Osvaldo Martins, Sílvio Gurjão... De vez em quando passo para o violão e vou mandando para os amigos, então o pessoal ficou me incentivando. Levando em conta o Sanatório, ficaram dizendo: 'É a nossa vez agora de ajudar', mas é porque realmente é muito difícil. Estamos tentando sensibilizar a galera", reforçou ele, que também é colecionador com mais de 4 mil vinis.

O ritmo frenético do frevo será apenas um dos gêneros contemplados no futuro disco. "Queria um pot-pourri de frevo, como a Lagarta de Fogo (um dos hinos do Sanatório) e outras inéditas, mas a maioria é em outros ritmos. Têm ijexá, maracatu, arrasta-pé, carimbó, um xotezinho, rock... Tá bem variado", adiantou ele, que vislumbra gravar, a priori, 13 faixas. "Se tudo der certo, né... Porque, fora o valor (da gravação e dos músicos), ainda fica um pro site. Mais do que 13 músicas ficaria difícil".

Para ele, Todos os Ritmos terá um ar mais intimista. "Vão ter algumas músicas que fazem sátira, por exemplo, com os carnavais de rua e os carnavais de shopping. Mas, no todo, o disco está mais lírico e mais festeiro, mais ligado a animação. O Osvaldinho tinha essa coisa do cunho social, né, mas o trabalho vai falar também dessa minha relação com a Cidade", explicou Alan, que relembra sua primeira discotecagem há 18 anos no também extinto Esquina da Silva.

Quanto a um retorno (ou não) aos carnavais, Alan preferiu deixar no ar. "A gente viu que não dava mais certo em função dos serviços públicos, né... A gente estava inviabilizando a cidade! Resolvemos dar um tempo. Aí passou um ano e beleza. Quando chegou nos dois (sem o bloco), disse: 'puxa vida!' (risos). Mas é isso, minha relação é muito sazonal. Tudo ainda está indefinido, no plano das ideias. Talvez venha coisa boa por aí".

Vakinha Alan Morais - Todos os Ritmos

Quando: até 20 de outubro

Valor da meta: R$ 30 mil

Para colaborar: https://bit.ly/2xyutfp