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O labirinto do Cícero
Vida & Arte

O labirinto do Cícero

| MPB | Em show no Teatro RioMar, o músico carioca Cícero Rosa Lins apresenta repertório que vai do sucesso Canções de Apartamento ao disco mais recente, Albatroz
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Início da década de 2010 e, entre tantos lançamentos da chamada "nova MPB", um disco se destacou. Canções de Apartamento (2011), do carioca Cícero, conquistou ouvidos por suas composições delicadas e arranjos que passeiam entre o melancólico e o festivo. A juventude indie ganhou um queridinho, o músico levou o Prêmio Multishow e criou-se expectativa para um segundo álbum, que veio em 2013 e frustrou muitos fãs. Saiu de cena o tom solar e surgiu um poeta de escrita fragmentada e sonoridades pouco comuns. Logo ele lançou o terceiro disco, em 2015, o profundo A Praia, e novamente o cantor mudou de rumo, assim como no recente Cícero & Albatroz, menos intimista e mais urbano em comparação aos anteriores.

 

Todas essas curvas da carreira de Cícero Rosa Lins compõem o repertório do show apresentado amanhã no Teatro RioMar Fortaleza, às 20 horas. "Com os meus discos, eu vou abrindo portas e deixando elas abertas. É um movimento natural. Quero sempre explorar minha criatividade onde eu ainda não fui", explica o músico, em entrevista ao O POVO. Desse modo, ele trilha um labirinto próprio de composições cujos caminhos são variados. "Para o show, escolho músicas que dialogam entre si, tento amarrar as pontas numa linha de raciocínio coesa", remonta.

 

A apresentação que chega à Capital tem formato voz e violão, e Cícero ocupa, sozinho, o palco. "Esse show é uma experiência muito mais direta com as canções, é mais íntimo. Normalmente com a banda completa vira uma experiência coletiva, vira uma celebração daquele instante. Voz e violão é para prestar atenção nos detalhes", projeta o artista.

 

Ao todo, o carioca soma 40 músicas gravadas, num passeio por temáticas como o início da vida adulta, amores inacabados e os ruídos das grandes cidades. Segundo Cícero, as poéticas e as sonoridades das suas composições surgem organicamente e são pautadas pela liberdade criativa que norteia o seu fazer artístico. "Do primeiro para o segundo disco, as pessoas querem saber qual é a sua, mas o que eu entendi é que um disco não apaga o anterior. Muitas pessoas me conhecem até hoje pelo Canções de apartamento e, algumas, gostam só dele. Cada álbum tem uma intenção quase complementar e oposta ao anterior", avalia.

 

O disco mais recente do cantor foi feito em conjunto os músicos que compõem a banda Albatroz. O grupo é formado por Bruno Schulz (órgão eletrônico), Felipe Pacheco Ventura (violinos e wurlitzer), Gabriel Ventura (guitarra), Matheus Moraes (trompete), Pedro Carneiro (wurlitzer), Vitor Tosta (trombone) e Uira Bueno (bateria). Essa construção coletiva, novidade na obra intimista de Cícero, é resultado das itinerâncias do carioca Brasil afora. "Nessa trajetória de turnês, eu fui fazendo descobertas. Eu fui conhecendo outras regiões do País, com pessoas muito diferentes e verdades das mais variadas. Isso foi influenciando minha visão", explica.

 

Foi a partir dessas andanças que o compositor direcionou seu olhar da própria casa para a rua, o espaço urbano. Tanto que o primeiro single desse novo álbum se chama A Cidade. "Esse disco vem muito da experiência de morar em São Paulo, que é um mundo cosmopolita. Aí tentei, na letras, expor a forma como eu enxergo a cidade para traçar um panorama sem fazer juízo de valor", esmiúça.

 

Para o músico, o fato de ter nascido em região periférica afeta diretamente o jeito de interpretar o espaço urbano. "Não é só uma questão sociológica, é também poética. Há tipos diferentes de beleza e o subúrbio tem a sua", pondera o cantor, natural do bairro Campo Grande, Zona Oeste do Rio. Cícero ressalta, entretanto, as inúmeras possibilidades de se olhar um lugar. Para ele, a busca por um jeito único de refletir realidades enfraquece as alternativas poéticas. "Para muita gente, a praia é um lugar de contemplação, paz de espírito. Mas a praia é também ambiente de convergência de muita gente diferente, símbolo da metrópole caótica. Tudo isso está na minha música: beleza com porém e a feiura com porém", ecoa.

 

Show de Cícero

Quando: domingo, 19, a partir das 20 horas

Onde: Teatro RioMar Fortaleza (avenida Des. Lauro Nogueira, 1500 - Lj 3001 - Papicu)

Quanto: Plateia alta: R$ 30 (meia) R$ 60 (inteira); Plateia baixa B: R$ 35 (meia) R$ 70 (Inteira); Plateia baixa A: R$ 40 (meia) R$ 80 (inteira)

Ingressos: site uhuul ou bilheteria do Teatro RioMar Fortaleza Funcionamento: de terça a sábado das 12h às 21 horas; domingos e feriados das 14h às 20 horas

 

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