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O caminho até encontrar os leitores
Vida & Arte

O caminho até encontrar os leitores

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Tipo Notícia

 

Fazer os livros chegarem até os leitores é um dos principais desafios das editoras independentes e dos autores que decidem financiar a própria obra e publicar de forma autônoma. "Com uma pequena editora, é difícil chegar até as grandes livrarias, por isso provavelmente você não vai encontrar livros de pequenas editoras e editoras independentes em grandes redes. Tanto porque as grandes livrarias não se interessam pelos livros e dificultam o processo todo, quanto porque a distribuição - o transporte, a grana envolvida - é algo complicado", explica a cearense Jarid Arraes, escritora, cordelista e editora do Selo Feira, que é parte da editora Pólen Livros.

 

Lizandra Magon de Almeida - editora e fundadora da Pólen - diz que outras alternativas precisam ser buscadas para garantir que os volumes cheguem até as mãos dos leitores. "Vamos montando uma rede de livrarias pequenas, de rua. Eu tenho esse contato próximo com os livreiros. Amigos que são de outras editoras com mesmo perfil indicam. É um trabalho coletivo", pontua Lizandra que, para o próximo ano, planeja ter exemplares da editora em todos os estados.

 

Quando não é possível alcançar os espaços físicos, as pequenas editoras realizam as vendas através da internet. Em lojas virtuais dos sites ou intermediando pelas redes sociais mesmo, elas recebem encomendas, realizam transações monetárias e encaminham as encomendas por meio dos Correios. O processo - que também exige atenção individualizada para cada exemplar - é uma forma de autores e editores entrarem em contato com quem gostou e vai ler o livro.

 

"A maioria dos escritores da cena atual consegue dar visibilidade e divulgar seus trabalhos através da internet", diz Carol Peixoto, da Editora Conecta - que atua no mercado editorial desde 2009. Ela, que também é escritora, revela que conseguiu vender todos os seus livros "de mão em mão". "Você conhece quem está comprando e troca ideias. É perda de um lado e ganho do outro", acredita.

 

"Temos novas ferramentas e conseguimos explorar mais possibilidades dentro desse universo da literatura. Tem as redes sociais que permitem que a gente alcance maior número de pessoas e consiga chegar com o trabalho onde fisicamente não conseguiríamos; tem a produção de vídeos que tem sido usada para divulgar poesia e trabalhos literários. Estamos buscando alternativas de acessar o público e alcançar pessoas que, para nós, seria difícil por falta de verbas", encerra Carol.

SAIBA MAIS

 

Carol Peixoto

A representante da Editora Conecta acredita que os autores e as autoras, atualmente, conseguem ter mais autonomia - contratando diagramadores, entrando em contato com gráficas ou costurando os exemplares um a um. "Conseguimos quebrar essa barreira de que um texto precisa ser aprovado por uma empresa grande para ser publicado. Hoje temos consciência de que se a gente quiser, a gente publica. Parcela em mil vezes ou faz projetos mais simples. Mas acho que o objeto livro está mais acessível nesse sentido", elucida.

Bárbara Esmênia

da Padê Editorial, explica que, além dos custos para distribuir os exemplares em grandes cadeias livreiras, há a questão dos estragos causados em livros artesanais quando estão disponíveis em prateleiras. "Não temos muitos pontos de distribuição. Por questões burocráticas e porque os livros são artesanais. Precisam de cuidados. Como são muitos livros e têm características diferentes, se vão para as prateleiras, podem acabar sendo danificados", diz.
 

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