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Mitos de Angola
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Edivaldo Batista e Jhon Morais protagonizam Histórias de Heróis Negros. A montagem infanto-juvenil encerra temporada na sede da Omì Cia. de Dança (Benfica)
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Um dos mitos pertencentes ao chamado ciclo de lendas dos Kimanaueses (povos tradicionais de Ambundos, em Angola), Sudika-Mbembe é o protagonista de Histórias de Heróis Negros. A montagem, com concepção, direção e atuação de Edivaldo Batista - este juntamente com Jhon Morais - encerra sua curta temporada com apresentações nesta sexta, 13, às 19 horas, e sábado, 14, às 17 horas, na sede da Omì Cia. de Dança (Benfica). A concepção do espetáculo infanto-juvenil, de acordo com Edivaldo, surgiu a partir da leitura do livro O Herói com Rosto Africano - Mitos da África, de Clyde. W. Ford.

 

Estava fazendo uma pesquisa pela internet sobre alguns mitos de tradição iorubá, mais especificamente pesquisando os mitos de Iansã. Então cheguei nesse livro porque tem um capítulo em que o autor fala sobre o herói mítico e sobre os orixás e, em determinado momento, fala ainda sobre um dos mitos de Iansã, da deusa da África, e encontrando outros mitos que vão falar do herói mítico que deu base para o espetáculo em questão", relembrou o ator e diretor, que já possui no currículo outros espetáculos que mergulham nesse universo de matrizes africanas, como é o caso dos infantis O Pequeno Ogum e Iroko, e do adulto Yemonjá e a Princesa Negra.

 

Em cena, Edivaldo Batista e Jhon Morais encarnam dois personagens da cultura popular nordestina, mais especificamente dois artistas de feira (Gaguim e Pedim), que irão narrar histórias do mito em questão. "Dentro desse processo de construção, foi surgindo essa referência de popular. O Jhon, como também é percussionista e cada vez mais está enveredando por isso, foi trazendo esses elementos que favoreciam muito pensar que parecia uma história de feira", destacou ele. "Isso foi nos pegando como referência do que a gente tinha nosso, sob a perspectiva do herói, e também sob a perspectiva de que tipo de africanidade nos pertence, que tipo de lugar a gente fala da África e narra essas histórias, inclusive do protagonista".

 

A maneira de falar, a ideia do embolador e a própria opção por esse leque da cultura popular, de acordo com o ator, revelam-se a partir de uma escolha estética. "Mas tem também uma outra questão: não tem como eu e o Jhon acessarmos a ideia de uma África em sua naturalidade. Nos interessa, por exemplo, pensarmos que esse é um mito que provém de uma cultura bem específica, mas que nós somos daqui, né? Então que lugares são esses que nos transpassam, que africanidades são essas, que palavras são essas... É mais uma tentativa nossa de dialogar sobre essas questões de negritude", destacou Edivaldo.

 

"A gente tem entendido que o material (espetáculo) tem chegado mais nessa criança a partir dos nove, dez anos de idade. Mas a gente ainda vê muito estranhamento em relação à receptividade. Ainda há um estranhamento. Algumas estranham muito a coisa do som, a vestimenta (os dois atores usam saia), as palavras e figuras que compõem essas narrativas. Por outro lado, outras nos perguntaram a origem do candomblé e disseram que ficaram muito representadas. Depois conversamos e vemos que estas eram filhas de mães de santo, alguns coleguinhas também. Então pra gente é muito importante quando isso acontece", afirmou.

 

Após as apresentações neste fim de semana, Histórias de Heróis Negros pretende seguir para outros palcos da Cidade. "A gente pensa em levá-lo para espaços que não sejam uma caixa cênica formal. Tentar apresentar em sedes, ONGs, escolas, etc., até para maturar o espetáculo. Pensamos também em apresentá-lo em terreiro de matrizes africanas e/ou projetos que dialoguem com referências afro-brasileiras em suas multiplicidades de leitura. Em setembro, estamos pensando em um circuito", adiantou.

 

Histórias de Heróis Negros

Quando: sexta, 13, às 19 horas; e sábado, 14, às 17 horas

Onde: sede da Omì Cia. de Dança (rua Joaquim Magalhães, 76 - Benfica)

Quanto: R$ 10 (inteira)

Duração: 50 minutos

 

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