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Entrevista com Edson Celulari
Vida & Arte

Entrevista com Edson Celulari

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O drama nacional Teu mundo não cabe nos meus olhos estreia amanhã, 3, nos cinemas nacionais.Protagonista da história, Edson Celulari conversou com O POVO por telefone. Na entrevista a seguir, ele fala sobre os desafios para interpretar um personagem cego e como foi criar o filme ao lado do diretor.


O POVO: Como foi trabalhar com o diretor Paulo Nascimento?

Edson Celulari: O Paulo já é um amigo de muitos anos. Trabalhamos em outros projetos de cinema e televisão, como a série O Animal. Ele me apresentou o roteiro e eu me apaixonei. Essa história de um pizzaiolo cego que tem a oportunidade de enxergar se tornou um drama rico, forte e bastante inspirador em minha vida. A maneira como esse roteiro conta essa história desse personagem cego e de sua família me intrigou muito. Eu tive que entrar quando li essa jornada. O Vitório é um cego muito feliz, bem resolvido dentro do seu mundo. Ele é o rei da pizza, tem uma família linda, vibra com o seu time de futebol, mesmo sendo cego. Se nós perguntarmos para cegos que nasceram com a deficiência se eles querem voltar a enxergar, todos eles vão dizer não. Se fosse o contrário também, nós, que enxergamos, obviamente falaríamos não, já que estamos bem com o que temos. É desafiante falar sobre esse tema.

 

OP: Como foi a sua preparação para interpretar esse personagem?

Edson: Nós queríamos uma imagem desconstruída do que o público conhece de mim. Tive que mergulhar nesse universo. Engordei sete quilos, tive preparação de culinária, conheci um cego pizzaiolo em Brasília, trabalhei observando outros cegos. Isso me deu material. Aprendi, inclusive, a fazer pizza de olhos abertos e fechados.

 

OP: Como foi o processo de produzir o filme?

Edson: Essa experiência pertence muito aos filmes norte-americanos. Poucos fazem isso no Brasil. Um ator produzindo um filme ajuda o projeto a se tornar artesanal. Foi a minha primeira experiência e foi ótimo.

 

OP: O filme é um drama muito forte, mas muitas pessoas não apreciam o trabalho de longas nacionais, caso não seja comédia. Por que isso acontece?

Edson: A realidade do mundo contemporâneo hoje em dia é ter preconceito. O nosso cinema tem que viver, pulsar arte. Por isso produzimos de tudo e pensamos em todas as tramas. Dito isso, a nossa safra está excelente, independente do gênero. Temos que primar a qualidade. Isso é mais importante que qualquer coisa.

 

OP: Como você lida com essa ideia de estrear o filme uma semana depois de Vingadores: Guerra Infinita, obra que pegou mais da metade das salas do País?

Edson: Se o filme é bom, então isso é mérito dele. Os diretores, roteiristas, atores, produtores, todos, precisam prezar, acima de tudo, as melhores histórias. Se isso acontecer, o retorno é consequência. Sempre esperamos que isso aconteça com os nossos filmes.

Gabriel Amora

 

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