Logo O POVO+
Em segunda temporada, 3% avança, mas ainda a passos lentos
Vida & Arte

Em segunda temporada, 3% avança, mas ainda a passos lentos

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Uma das primeiras apostas da Netflix no mercado de produções brasileiras, a série 3% chegou em 2016 com muita expectativa. Afinal, uma produção tupiniquim sobre um futuro distópico no próprio Brasil era uma premissa atraente para o público. As críticas sobre as atuações rasas, os diálogos engessados e o aspecto barato dos cenários e locações vieram logo após a estreia. Lançada em 27 de abril, a segunda temporada de 3% conseguiu melhorar o que foi visto no primeiro ano, além de expandir a mitologia do seriado.


A premissa base da série é a de uma sociedade dividida entre Continente e Maralto. Quem vive no Continente deve, ao completar 20 anos, participar do Processo, uma seleção que irá eleger os 3% melhores de serem dignos de viver no Maralto. Agora, os vencedores do Processo 104, Michelle (Bianco Comparato) e Rafael (Rodolfo Valente) procuram se adaptar ao novo mundo, enquanto lutam com os anseios de voltar a colaborar com a Causa, movimento revolucionário que busca destruir o Processo.


No lado do Continente, Joana (Vaneza Coelho) batalha para reduzir a agressividade da Causa, enquanto Fernando (Michel Gomes) busca voltar a vida de antes, mas as dificuldades da sociedade o forçam a continuar lutando contra a opressão do Maralto.


Logo no primeiro episódio, a trama ganha novas camadas, com a introdução da narrativa sobre a origem do Maralto. Por mais que o assunto demore a engrenar, a decisão é acertada por instigar como a sociedade chegou àquele ponto. As relações entre os personagens também se estreitam neste novo ano. Os embates psicológicos entre Michele e Ezequiel (João Miguel), líder do Processo, já presentes na primeira temporada, se adensam aqui, sendo um dos pontos altos da nova fase.


O design de produção da série também merece destaque pelo investimento recebido. Se antes os cenários pareciam apenas prédios brancos e brilhantes, agora o aspecto cheio de natureza do Maralto ganha corpo, enquanto a pobreza do Continente é realçada. As tecnologias apresentadas parecem mais críveis com um futuro moderno. Até uma pequena referência a Black Mirror surge em tela, sendo um detalhe interessante.


A adição da personagem Marcela (Laila Garin) também ajudou a série a ganhar em qualidade. Uma antagonista bem desenvolvida, a militar é responsável por mostrar a força violenta do Maralto. Apesar dos pontos positivos, a série ainda manteve alguns diálogos forçados e pouco naturais, além de saídas fáceis para a maioria das tramas.


Reviravoltas ajudam a manter o ritmo da série, ainda que os 10 episódios - dois a mais que na primeira temporada - pareçam esticados em certo momento. O retorno de um personagem importante também marca um ponto de virada relevante para o seriado. Em suma, a segunda temporada de 3% é um avanço em todos os sentidos. Ainda não é uma grande série, mas o resultado fica muito mais perto do almejado pelos realizadores.

Hamlet Oliveira

 

O que você achou desse conteúdo?