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Cantora baiana Illy lança disco de estreia, Voo Longe
Vida & Arte

Cantora baiana Illy lança disco de estreia, Voo Longe

| MÚSICA | Com inspirações no passado e intenções no futuro, a baiana Illy lança disco de estreia com contribuições de Djavan, Moreno Veloso, Arnaldo Antunes e Felipe Cordeiro
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No imenso guarda-chuva chamado MPB já se abrigaram os mais variados artistas, do rock à bossa nova. Depois de um tempo, essa sigla se tornou tão democrática e suntuosa que passou a ser questionada, até cair em desuso. No entanto, num Brasil onde é comum romper fronteiras de rótulos musicais, era mesmo necessário existir uma prateleira larga o suficiente para caber tudo o que se chama de MPB. É o caso, por exemplo, da cantora baiana – radicada no Rio de Janeiro – Illy, que está estreando na música com o álbum Voo Longe.


A história de Illy Cruz de Almeida Gouveia Santos começa como a de muitos outros. Uma família de apaixonados por música, tanto por parte de mãe – de Almeida Gouveia – como de pai – Santos. Nesse berço também se inclui um avô que tocava piano e um tio compositor. Aos 15 anos, a menina começa a estudar teatro e a participar de algumas gravações. Estudou música na Oficina de Canto da Universidade Federal da Bahia (UFBA), viajou como cantora de trio elétrico e fez um primeiro trabalho solo cantando Dorival Caymmi.


“Acho que o disco é resultado desse caminho. Passa muito pela minha versatilidade. É o que a gente chama de MPB mesmo”, explica Illy, citando Fátima Guedes, Elis Regina, Gal Costa e Mônica Salmaso numa lista meio apressada de influências. Para dar unidade à pluralidade buscada em Voo Longe, ela procurou dois produtores de perfis diferentes e complementares: Alexandre Kassin e Moreno Veloso. “Moreno é muito sensível a tudo que eu queria passar no disco, principalmente dessa coisa da Bahia de tambor. E o Kassin tem a sonoridade pop.


A mesma mistura de produtores foi buscada para os compositores. O resultado é um álbum eclético, com personalidade, força pop e interpretações sedutoras. Tem um frevo de Luciano Salvador Bahia (Fama de Fácil), um afoxé de Jota Veloso e Alexandre Leão, com vocais de Gerônimo (Sombra da Lua), uma linda bossa de Arnaldo Antunes (Devagarinho) e um blues de ritmo quebrado de Djavan (Que Foi My Love?). No centro desse balaio de ritmos, a voz lânguida e bem colocada de Illy.


“Vi que gosto de cantar tudo, e eu queria mostrar essa brasilidade, essa versatilidade”, conclui Illy, que, nos últimos cinco ou seis anos, procurou repertório para essa estreia. Foi recebida por Arnaldo Antunes em casa, que a presenteou com várias canções para livre escolha. Com Chico César, ela viu no Facebook que o compositor estaria numa livraria para um lançamento. Illy correu lá, pediu uma música e ganhou a balada Só eu e Você. Destaque de Voo Longe, Djanira é herança da banda Confraria da Bazófia, que tinha entre seus integrantes Ray Gouveia, tio de Illy. A salsa, temperada com sopros e com a guitarra de Felipe Cordeiro, narra a triste história de uma professora presa na fronteira do Paraguai com um carregamento de maconha escondido em cascas de banana.


Na contramão das suas colegas de geração, dois elementos chamam a atenção na estreia de Illy. Um deles é o investimento no trabalho de intérprete, em detrimento da composição. “Eu componho, mas ainda não tenho vontade de mostrar nada meu. Tem tanta gente legal pra gente mostrar”, confirma acrescentando que é a letra o elemento que primeiro lhe atrai. O segundo elemento é o pensar a música dentro de um álbum, algo pouco comum em tempos de singles lançados individualmente. “É mais difícil hoje se ouvir um disco inteiro, com esse formato. O que eu queria é que as pessoas ouvissem o disco todo. É a minha história”, conclui.


SERVIÇO


Illy - Voo longe

13 faixas

Universal Music/ BMG

Preço médio: R$ 20,90

 

PARA QUEM GOSTA DE...

 

CÉU
O timbre agudo e rouco, entre o doce e o sensual de Illy tem alguma semelhança com a da cantora paulistana Céu.

GAL COSTA
MPB com olhar pop e moderno, Voo Longe lembra as intenções de Gal em discos como Cantar (1974) e Caras & Bocas (1977).

TRIBALISTAS
Além da presença de Arnaldo Antunes, Voo Longe soa radiofônico, sem perder o cuidado nos arranjos e interpretações.

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