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Um Lugar Silencioso chega como um dos suspenses mais eficientes do ano
Vida & Arte

Um Lugar Silencioso chega como um dos suspenses mais eficientes do ano

Sem medo de colocar seus personagens em situações difíceis, Um Lugar Silencioso chega como um dos suspenses mais eficientes de 2018, com ótimas atuações e sem sustos fáceis
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O cenário é um velho conhecido do público: a sociedade chegou ao fim com a chegada de seres que exterminaram a raça humana e uma família deve conseguir encontrar formas de sobreviver. Dentro desse padrão já tão abordado no cinema, Um Lugar Silencioso traz uma dose de originalidade ao colocar seus personagens em um contexto no qual o silêncio absoluto é a única forma de defesa contra os perigos que assolam a Terra.


A trama começa já nos dias que seguem a decadência da humanidade. No meio de uma área rural estadunidense, uma família de cinco integrantes aprende a lidar com os seres que espreitam os arredores. Para isso, utilizam linguagem de sinais para a comunicação, andam descalços pela maior parte do tempo e possuem espaços pré-determinados onde podem caminhar sem fazer barulho.


Mais conhecido por seu papel como Jim Halpert na sitcom The Office, John Krasinski vem passando por uma renovação na carreira. Em 2016, já havia investido nos filmes de ação ao protagonizar 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi, de Michael Bay. Em Um Lugar Silencioso, o ator assume o posto de diretor, roteirista, protagonista e produtor executivo. Sendo apenas o segundo longa que comanda, ele mostra habilidade para criar situações tensas, sem a necessidade de apelar para sustos fáceis, os famosos “jump scares”.

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Ao lado de Krasinski, Emily Blunt, casada com o ator na vida real, constrói uma personagem que demonstra os traumas sofridos desde o início da crise. Com uma gravidez avançada, a mulher não se deixa abater pela situação em momento algum. O restante do elenco é consistido por atores mirins desconhecidos, mas que desempenham seus papéis de forma competente.


Com o silêncio sendo a base de toda a trama, é seguro dizer que mais de 70% do filme ocorre sem qualquer diálogo. A trilha sonora também surge de forma ponderada, sendo utilizada apenas em situações mais drásticas. Nesse ponto, a mixagem de som do longa trabalha para gerar um clima de tensão quase constante, dando ao espectador pouco tempo para relaxar entre uma cena e outra. A curta duração do filme também colabora para isso, ao evitar que a história se torne maior do que necessita ser.


Dito isso, o terceiro ato de Um Lugar Silencioso é um exemplo de como conduzir a tensão a níveis extremos. Destaque também para a fotografia de Charlotte Bruus Christensen, que evita cair na armadilha de colocar cenários excessivamente escuros. Mesmo utilizando a luz artificial de velas ou lâmpadas fracas em boa parte do tempo, tudo é visível ao espectador, uma estratégia que mostra segurança acerca do produto final.


Por se encaixar no chamado “pós-terror”, Um Lugar Silencioso é um filme realizado com competência, que não tem medo de torturar seus personagens e criar tensão constante para o espectador. Dentro da nova safra de longas que apostam mais no desenvolvimento do clima do que em sustos, a obra de Krasinski é um interessante exemplar de 2018.

 

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