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Judas segundo Vereza
Vida & Arte

Judas segundo Vereza

Carlos Vereza protagoniza "Iscariotes - A Outra Face", sábado e domingo, dentro das celebrações de 60 anos no Cineteatro São Luiz
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Nos Evangelhos Canônicos, a figura do apóstolo Judas Iscariotes surge como o grande traidor de Jesus, responsável por entregá-lo aos seus captores – após o famoso beijo e a clássica Última Ceia - em troca de trinta moedas de prata. Carlos Vereza, 78, é ator e diretor premiado ao longo de quase sessenta anos de carreira. Espírita há 28, é também - e sobretudo - um curioso. "Sigo a Doutrina há 28 anos, no Lar de Frei Luiz (Petrópolis/RJ). Além dos ensinamentos do Evangelho Segundo o Espiritismo, sou aberto ao conhecimento dos Evangelhos Apócrifos", explicou.


Há cerca de três anos, Vereza iniciou uma pesquisa acerca desse intrigante personagem da história cristã, tendo como ponto de partida o conhecimento de um dos tantos textos considerados, de acordo com o bispo Irineu de Lyon (em 178 d.C, após a unificação da Igreja), de teor herético, apócrifo (destituído de autoridade canônica): o Evangelho de Judas, encontrado em idioma copta, no ano de 1978, numa caverna no deserto Egípcio, perto de El Minya (245 km ao sul do Cairo).


Com texto, direção e interpretação próprios, Carlos Vereza resolveu, assim, dar vida ao apóstolo em Iscariotes – A Outra Face. O monólogo chega a Fortaleza para duas apresentações neste fim de semana, dentro das comemorações de 60 anos do Cineteatro São Luiz (Centro). A produção executiva é de Petci Pedron, com assistência de direção dela em parceria com Armando Millem.


"Segundo o Evangelho de Judas Iscariotes, ele era o discípulo preferido de Jesus. O único que compreendeu o verdadeiro significado da Missão do Mestre. Esse Evangelho segue a tradição da filosofia gnose, ou seja, a nossa salvação não depende de intermediários e, sim, do nosso autoconhecimento. O nosso Cristo interno", afirmou Vereza.


"Não creio totalmente nos Evangelhos Canônicos e não creio que Iscariotes seja a expressão do mal absoluto", completou o ator, que destaca a repercussão do espetáculo por onde se apresenta desde sua estreia, em meados de 2017. "As pessoas me procuram no camarim, depois do espetáculo, emocionadas com a visão de um Judas humanizado, com as contradições comuns a um ser humano", reafirma.


Iscariotes - A Outra Face não conta com grandes recursos cênicos. No palco, apenas Vereza, vestido de branco, a versar sobre sua história, que traz como mensagem a reflexão sobre o perdão ao longo de 60 minutos de duração. "É necessário entender as circunstâncias históricas daquela época. Os judeus eram tratados como escravos, humilhados em sua própria terra pelo invasor romano. Judas era um zelote, um guerrilheiro, e acreditou que Jesus seria o líder que libertaria Israel. Não teve essa história de beijo ou trinta dinheiros; o erro de Judas foi de ordem estratégica", credita o ator.


"O que aconteceu é que o povo não correspondeu à estratégia de Iscariotes, e ainda escolheu Barrabás! Judas, ao ver o desenlace trágico e inesperado, se suicida. A meu ver, se ele fosse cínico e frio não se importaria. Não foi o que aconteceu", concluiu.


Iscariotes: A Outra Face, de Carlos Vereza

Quando: sábado, 14, às 20 horas; e domingo, 15, às 18 horas

Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 / Praça do Ferreira - Centro)

Quanto: R$ 50 (inteira) – à venda na bilheteria do local, das 10h às 18h30min, ou pela internet (goo.gl/adk9s7)

Classificação: 14 anos

Outras info: @cineteatrosaoluiz (FB)

 

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