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Far Cry 5 extremismo religioso e cultura de armas nos EUA como mote
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Far Cry 5 extremismo religioso e cultura de armas nos EUA como mote

| GAME | O extremismo religioso e a cultura das armas no coração dos Estados Unidos são as temáticas centrais em Far Cry 5
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Apesar do pedigree europeu, a desenvolvedora Ubisoft trouxe no quinto título da franquia Far Cry uma retratação plausível e instigante de um Estados Unidos da América que pouco se vê, mas que vem ganhando destaque dia após dia no contexto político atual. Entretanto, a qualidade do videogame não se resume apenas ao cenário, oferecendo aos que o comprarem várias horas de aventura e diversão.


Far Cry 5 é um game de tiro em terceira pessoa que coloca o jogador na pele de um xerife de Montana, um dos mais amplos e menos povoados estados norte-americanos. Atendendo a um chamado após o sumiço de um agente federal que investigava a formação de uma seita religiosa extremista, chamada Projeto do Portão do Éden, seu personagem se vê, então, preso na vastidão campestre de uma região isolada e dominada pelo violento líder cultista Joseph Seed, antagonista que demonstra desde o começo ter planos sombrios para seu personagem.


Durante as quase 20 horas de jogatina até sua conclusão, esse novo Far Cry impressiona com vistas espetaculares que expõem um país pouco visto na cultura pop atual. A recriação do estado de Montana é belíssima e também serve de palco para cenas de ação cinematográficas e de puro suspense, especialmente em momentos determinantes para o arco principal da história. Sim, “arco principal”, pois apesar de ter começo, meio e fim, o mundo de Far Cry 5 é aberto e dá liberdade ao usuário para desviar da narrativa principal do jogo e, de fato, se perder na natureza virtual criada pela Ubisoft, encontrando sempre atividades diferentes – como a liberação de prisioneiros ou a destruição de alvos inimigos – e evoluindo o arsenal de habilidades e armamentos do personagem principal.


Além da geografia e trama fora dos padrões, Far Cry 5 traz também novidades em sua jogabilidade que aumentam o nível de interação com a inteligência artificial presente no game. Em títulos anteriores da série, já era possível acionar mercenários para auxiliar no combate durante embates mais desafiadores que o normal. Agora, ao se progredir no enredo, personagens específicos, controlados pelo computador, podem se tornar aliados, expandido as táticas de combate e as possibilidades de atingir os objetivos traçados pelo jogador.


Apesar de toda a qualidade exposta até o momento nessa resenha, o jogo não é isento de falhas. A tentativa de dar maior liberdade ao player, às vezes, transmite uma superficialidade de propósito. A divertida, porém simples, destruição dos inimigos espalhados pelo mapa e a coleta dos espólios se tornam ações repetitivas depois de um tempo.

Ademais, a temática do fanatismo religioso é explorada de maneira leviana durante grande parte da experiência. Aos olhares mais críticos, o game por vezes se afasta propositalmente e perde a oportunidade de discutir com maior profundidade as motivações e consequências do radicalismo religioso e os contrastes positivos e negativos da cultura das armas que não só protege a segunda emenda da constituição americana como incentiva o porte de armas como forma de defesa contra as forças da natureza e a tirania do Estado.


Em suma, Far Cry 5 é uma adição de peso a uma franquia que busca, a cada novo título, se manter relevante no panorama dinâmico e imprevisível do mercado gamer. O jogo peca em não ir além com seus temas centrais, mas diverte e, quem sabe, pode vir a instigar outros a seguirem o mesmo caminho por ele adotado.


Far Cry 5 está disponível para compra e download, tanto para o Playstation 4 e Xbox One, quanto para PCs por meio da plataforma de distribuição Steam.


(Davi Rocha é professor, publicitário e produtor de conteúdo do canal Bacontástico)

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