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Ecos políticos na maloca dragão
Vida & Arte

Ecos políticos na maloca dragão

| BALANÇO | Quinta edição da Maloca Dragão se encerrou ontem, após seis dias de programação. Neste período, pautas políticas e sociais deram o tom do público e dos artistas que por ali passaram
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A arte pode ser, também, um ato político. De terça-feira, 24, até ontem, a quinta edição da Maloca Dragão reafirmou esta premissa. Marcada por cerca de 150 atrações, nas mais diversas linguagens artísticas, o tom político do festival já partiu do tema que conduziu todo o evento: os 50 anos de maio de 1968 (período histórico marcado por greves e manifestações operárias e estudantis na França, além de ser um momento de grande efervescência cultural no Brasil, que vivia seus dias no regime militar).
 

A provocação extrapolou o tema e transbordou para palcos, praças e ruas. Na agenda do festival, diversas programações engajadas desde sua concepção, como a mostra de cinema No coração do maio de 68 e a exposição homônima, que invadiu a Multigaleria do Centro Cultural Dragão do Mar. Além disto, o movimento de envolver ativamente a periferia no evento também afirmou a Maloca como um espaço de discussões. Neste sentido, uma das atrações foi um sarau preparado pelo coletivo Natora, chamado
Sarau Natorart.
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Por entre as plateias lotadas, os gritos de “Fora Temer” se uniram aos de “Mariele Presente”, replicando cenário que tem se formado durante espetáculos Ceará afora. No palco Oca Maloca, o Grupo Formosura de Teatro foi quem puxou o coro, no fim da apresentação do ato-show Frei Tito Vive, com direção e narração de Ricardo Guilherme. O artista Gero Camilo também envolveu o público, quando entoou os versos de Belchior durante show todo em celebração à obra do cearense. “Sei que assim falando pensas/Que esse desespero é moda em 76
/Mas ando mesmo descontente
/Desesperadamente, eu grito em português”, cantou, emocionando a plateia.
 

Diretor de Ação Cultural do Dragão do Mar, João Wilson, acredita que existe um clima “poético e de resistência” no Festival. “Mas sempre me surpreende.  

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Então, é uma prova de que as pessoas querem a rua. Exemplo disso, foi o recorde de público (do show) da Lagosta Bronzeada. Porque, geralmente o Dragão tem trabalhado com um certo nicho, que privilegia a música autoral. 


Rodrigo Ferrera, ator e cantor que dá voz e corpo à Mulher Barbada acredita que cultura é uma ferramenta muito importante. “Na cultura, do jeito que está acontecendo na Maloca, principalmente, estão explodindo coisas. É importante que a gente esteja explodindo junto, que a gente esteja aqui mostrando a cara e dizendo que nós temos direito à Cidade. A gente está discutindo muitas questões ao mesmo tempo: gênero, política, ideologias, a gente está discutindo sobre a seca, sobre problemas psicológicos”, narra.
 

“Eu costumo falar que uma das minhas propostas é a celebração e a luta”, descreve o rapper Rincón Sapiência, que se apresentou no último dia de Maloca. “Acima de tudo, eu sou um artista, então, eu me preocupo muito em fazer uma música boa, que seja gostosa de dançar, mas dentro desse tempero, eu acho importante colocar pontos críticos e politizados, já que é uma realidade que eu vivo”.
 

Para além dos palcos do Centro Dragão do Mar e entorno, outros espaços da Cidade também receberam programação da Maloca, como Cineteatro São Luiz, Teatro da Praia, Teatro das Marias e boates da rua dos Tabajaras. Apesar de a programação geral ter sido encerrada ontem, hoje a agenda continua no Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ).
 

Durante a manhã, a artista Maíra Ortins fará intervenção urbana no espaço. Haverá ainda contação de história, com Paula Yemanjá; exibição do documentário Toca Good Garden, de Gandhi Guimarães e San Cruz; conversa com Rincon Sapiência e a participação do Grupo Sem Saída, além de outras atrações. O encerramento será às 20h30min, com show da banda Alfazemas. (colaboraram Teresa Monteiro e Isaac de Oliveira)
 

SERVIÇO
 

Maloca no CCBJ
Quando: hoje, a partir de 10 horas
Onde: Centro Cultural Bom Jardim (rua 3 Corações, 400 - Bom Jardim)
Gratuito

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