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Não deve ser fácil acordar diariamente sendo a Madonna. Ela não é a melhor cantora da música pop, nem a melhor dançarina, atriz ou qualquer outra atividade que venha a exercer. No entanto, a multiartista que chega aos 60 anos em 2018 conseguiu desvendar o segredo que a levaria a fazer história em cada uma dessas searas. E esse segredo está mais acessível aos seus fãs hoje: Madonna domina como poucos a linguagem do pop.


Nos anos 1980 e 1990, ela disputava ombro a ombro com Michael Jackson o posto de maior estrela do pop. Clipes históricos, produções milionárias, fake news, um sucesso no cinema e um jogo de videogame quase convenceram o mundo de que o trono era dele e pronto. Mas Michael foi vencido pelos próprios traumas e viu seu império desidratar.


Madonna nunca pareceu ligar para essa corrida. E foi com uma cuidadosa e atenta despretensão, que ela mostrou que ninguém tiraria dela a merecida coroa do pop. Se transmutando em várias personagens ao longo dos 35 anos de carreira, foi adiantando tendências e gerando suas cópias. De Cindy Lauper a Lady Gaga, não são poucas as cantoras pop que quiseram tirar uma casquinha da verdadeira rainha.


Mas, embora sobre talento em muitas delas, falta aquela autenticidade bem calculada de Madonna. Da menina doidinha que se vestia cheia de cores em Borderline até a elegante mãe de família deste novo século, passando pela dominatrix de Erotica e pela conexão filosófica de Ray Of Light, ela ultrapassou a linha da “moda passageira” se tornando uma potência em áudio, vídeo e comportamento. Não por acaso, ainda é cobrada para mostrar vanguardismo e não para de ser comparada com qualquer aspirante a estrela pop que surja. Ou seja, ainda não dever ser fácil acordar diariamente sendo a Madonna.

Marcos Sampaio

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