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Teatro da Praia reabre as portas, mas segue com dificuldades
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Teatro da Praia reabre as portas, mas segue com dificuldades

Reaberto após passar por reforma, Teatro da Praia segue com Temporada Cearense de Comédias. Realidade do equipamento, no entanto, é de constantes dificuldades
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Dos 25 anos que o Teatro da Praia comemora em 2018 — ainda que não oficialmente, pois o equipamento foi inaugurado só em 1996 -, os últimos oito têm sido de constante dificuldade. “Em 2010 foi a nossa primeira grande crise. Com o passar do tempo, manter o espaço ficou mais complicado, é um galpão antigo que precisa de manutenção permanente”, contextualiza Carri Costa, fundador do Teatro e diretor da Cia. Cearense de Molecagem. No final de semana passado, o Teatro da Praia reabriu mais uma vez após alguns meses fechado para reformas estruturais. “Conseguimos apurar (em uma vaquinha) 30% do valor que pleiteamos, mas deu pra consertar muita coisa, goteiras, a estrutura do madeiramento do telhado. Agora estamos tentando conseguir recursos para som e luz”, conta.


A reabertura foi marcada pelo início da Temporada Cearense de Comédias com o espetáculo Malassombro, um dos sucessos da Cia. “Reativar (o teatro) é sempre uma celeuma. Ficamos até janeiro fechados. No final de semana passado, abrimos com um público pequeno, mas bacana. O teatro está mais confortável, tecnicamente melhor, também. Estar no palco do Teatro da Praia, o palco simples de um teatro simples, é sempre uma delícia”, afirma. A temporada segue neste final de semana com a peça Cacos de Família, e nos dias 17 e 18, com a peça Loucura de Amor.

[SAIBAMAIS]

As bilheterias das peças, explica Carri, servem para dar a “sustentação devida” ao teatro, mas as dificuldades financeiras são incontornáveis. “O Teatro da Praia acolhe 150, 160 pessoas no máximo, tem cadeiras brancas, ventiladores. Não rola poltrona ou ar-condicionado porque não tem como manter. Em todos os períodos de funcionamento, sempre tivemos dificuldade de pagar aluguel, luz, água”, reforça.


Outro ponto de desgaste, segundo o diretor, é o entorno. Localizado na Praia de Iracema, o equipamento é um dos teatros que resistem na região. “Os espaços culturais não são de mercado, onde você tem um produto muito consumido e procurado. Temos arte, e ela precisa de esforço para ser apreciada, buscada. Quando eu vejo um teatro que se fecha, como o Teatro das Marias, eu vejo a incompetência por parte do poder público de ajudar a manter esses espaços de fruição das ideias e das artes”, avalia.


A proximidade do Centro Dragão do Mar, que poderia ser positiva, não se concretiza em retornos também positivos na prática, segundo Carri. Mesmo com a recente promessa do Instituto Dragão do Mar (IDM) de instaurar uma comissão dos teatros da Praia de Iracema para discutir uma política para os equipamentos da região (fruto da recente mudança de gestão do antigo Teatro Sesc Iracema, que será oficialmente comandado pelo IDM no final do mês), o fundador do Teatro da Praia, um dos listados para compor a comissão, segue descrente. “Fiquei sabendo através do site do governo do Estado da abertura dessa linha de diálogo. Pessoalmente, não acredito. Desde que o Dragão veio pra cá se fala nesse provável diálogo com os espaços culturais do entorno e isso nunca aconteceu. A notícia saiu no dia 22 (de fevereiro) dizendo que eles iam procurar os teatros na outra semana. Até agora, ninguém ligou ou procurou. A gente que fica à margem vai continuar à margem”, desabafa.


Questionado pela reportagem, o IDM afirmou que foi realizada no último dia 28 uma reunião com a presença dos representantes dos teatros e equipamentos já geridos pelo Instituto. A discussão, ainda segundo a nota (leia na íntegra em bit.ly/2GaGY4P), “será ampliada com os gestores de outros teatros da Praia de Iracema como o Teatro da Praia, Três Marias e Boca Rica em reunião prevista para acontecer ainda este mês” com o objetivo de “fazer com que cada equipamento tenha um perfil de espetáculo e público”.


“Parece que a gente está puxando brasa para nossa sardinha quando fala especificamente dos espaços teatrais ao redor do Dragão do Mar, mas ampliando a visão percebemos a ausência de uma política pública definida, clara, para a manutenção de espaços culturais das companhias artísticas, seja em nível estadual ou municipal”, avança Carri. “A gente resiste porque é artista. O Teatro da Praia é mantido pela vontade de fazer e de ser uma referência de resistência cultural. A Cidade tem um carinho grande pelo espaço e nos perdoa o desconforto a partir do momento que a gente acolhe e abraça as pessoas. Evoé que a gente viva mais 25, 30 anos, e que daqui a muito tempo se olhe pra trás e o Teatro da Praia seja visto como uma peça muito importante para a cultura teatral do nosso Estado”, conclui.


TEMPORADA CEARENSE DE COMÉDIAS


Quando: dias 10 e 11, e 17 e 18; sábados às 21 horas, domingos às 20 horas

Onde: Teatro da Praia (Rua José Avelino, 662 – Praia de Iracema)

Quanto: R$ 30/15 (meia)

Info: (85) 3219 9493

 

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