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Conheça a febre das capas variantes nos quadrinhos
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Conheça a febre das capas variantes nos quadrinhos

O conceito de capas variantes se tornou popular na década de 1990. 20 anos depois, os leitores continuam comprando a mesma história em capas diferentes
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As capas variantes, que surgiram no final da década de 1990, são capas diferentes das originais. São feitas, na maioria das vezes, por artistas convidados ou pelo próprio desenhista, que tem várias opções de capas. A proposta seduz leitores mais fieis e que buscam por variedade na produção literária.


A ideia de capas distintas para o mesmo produto surgiu quando as editoras perceberam que havia uma maneira de capitalizar em cima do desejo dos colecionadores — que, em algumas situações, não gostavam de uma capa e não a compravam. O hábito também acabou por fortalecer o mercado de quadrinhos, uma vez que há fãs e leitores que compram de tudo relacionado aos seus personagens favoritos.


As capas variantes são um conceito comum entre as grandes editoras, como a Marvel e a DC. A tendência se popularizou nos anos 1990 e 2000, com a ideia de unir distintos personagens nas mesmas histórias. A capa de X-Men nº1, de 1995, feita pelo desenhista Jim Lee, por exemplo, entrou para a história. A Marvel resolveu criar quatro capas que, quando estão lado a lado, se complementam. As cores, o custo-benefício e o formato se popularizaram, o que transformou a proposta em uma tendência que dura até hoje. Essa edição nº1, por sinal, vendeu mais de oito milhões de unidades nos Estados Unidos, se tornando a história em quadrinhos mais vendida da história.

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Rildon Oliver, redator e podcaster do site Cosmonerd, conta que coleciona quadrinhos desde a sua infância. Com o passar dos anos, quando passou a se aprofundar no conceito dos quadrinhos, descobriu um universo de desenhistas especialistas em reproduzir momentos das histórias em capas. “Existem muitas edições em que os autores convidam um quadrinista para realizar o seu desenho na capa. Miracleman, que começou a ser publicado recentemente pela Panini no Brasil, teve quatro capas de quatro artistas diferentes. Eu adoro os quatro e encontrei ali uma oportunidade de ter o desenho de todos eles. Comprei todas justamente por não saber qual era a melhor”, diz.


Das edições que mais coleciona, Rildon destaca A Saga da Fênix Negra, da Marvel Comics, e O Cavaleiro das Trevas, da DC Comics. “A Saga da Fênix Negra eu tenho em sete republicações. Algumas da Panini, Abril, Salvat etc. Todas de formatos e editoras distintas”, explica. Quanto a O Cavaleiro das Trevas, pontua que já possui quatro edições produzidas pela Panini, além de ter a original de 1987 feita pela Abril. Cada livro custa R$ 110 em seu preço de capa.


“A embalagem vende o produto de outra forma. Em eventos de quadrinhos, quando você tem várias opções de capas, apesar do mesmo conteúdo interno, o leitor vai exigir aquela feita pelo artista pelo qual tem mais admiração, intimidade. A editora faz quatro capas e todas vendem por causa dos públicos diferentes. Isso é ótimo para aquecer o mercado”, finaliza.


O organizador da Feira Livre de Quadrinhos, Douglas Rodrigues, destaca que a edição que mais possui com diferentes capas é a número 18 de The Walking Dead, da editora HQM. “Eu compro para dar valor ao trabalho de artistas que acompanho. Em The Walking Dead, por exemplo, os últimos números lançados nos Estados Unidos têm a arte bem mais superior à oficial. Então por que não garantir a minha?”, conta.


Ele lembra que muitos artistas são especialistas em criar capas alternativas de momentos das histórias. Os seus favoritos são Eddie Barrows, Bill Sienkiewicz e o brasileiro Rafael Albuquerque. “As capas desses profissionais são bem acabadas, com desenhos diferentes e traços que são verdadeiras obras de arte, algo que, geralmente, as capas originais também apresentam”.

 

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