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Disco icônico de Madonna, Ray of Light completa duas décadas
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Disco icônico de Madonna, Ray of Light completa duas décadas

Considerado um dos trabalhos mais experimentais e inovadores da rainha do pop, o disco Ray of Light, de Madonna, completa duas décadas de lançamento amanhã
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Com quase 40 anos de carreira e uma das artistas mais icônicas do pop mundial, Madonna passou por altos e baixos sempre polêmicos. A década de 1990 foi um período especialmente marcante, indo da controvérsia sexual ao contato com a religião — e, em paralelo, de tropeços comerciais ao êxito artístico. Amanhã, 22, completam-se 20 anos de lançamento do ápice deste percurso: o inovador disco Ray of Light.

Naquela época, o sucesso de um artista era medido pelo desempenho nas rádios e vendas. Listas como o top 100 da revista Billboard, que até hoje divulga a performance comercial dos singles lançados nos Estados Unidos, ajudam não somente a ver o êxito desses artistas, mas também a entender que tipo de música era consumida naquela década. No mundo pop, o reinado foi de Mariah Carey, que emplacou 14 músicas em primeiro lugar no top 100, onde hits como I Will Always Love You, de Whitney Houston, e Un-break My Heart, de Toni Braxton, também tiveram destaque. Era um pop romântico, feito por cantoras intensas com vozes poderosas.


Madonna, enquanto isso, abriu a década com polêmica. Se nos anos 1980 ela estourou com um pop ousado, mas comercial, o disco Erotica e o livro SEX, de 1992, foram um mix provocativo. Tratando de sexualidade sem rodeios, Madonna virou assunto inevitável, mas o álbum teve desempenho comercial pouco expressivo. Em termos de comparação, Like a Virgin, disco de 1986 que também tocava em questões sexuais, vendeu mais de 10 milhões de cópias nos EUA segundo a Associação da Indústria de Gravação da América (RIAA, na sigla em inglês), enquanto Erotica não chegou a 2 milhões.


Os passos posteriores tentaram reposicionar sua imagem, como Bedtime Stories (1994), que respondeu à controvérsia na faixa Human Nature (“eu não sabia que não podia falar sobre sexo”, canta). O ponto de virada, no entanto, veio quando nasceu sua primeira filha, Lourdes Maria, em 1996. No ano seguinte, ela ainda se aproximou da religiosidade oriental. Este novo combo, finalmente, culminou em Ray of Light. “A principal diferença em relação a outros registros da época está no forte caráter pessoal do disco. Várias canções são influenciadas pelo nascimento da filha, além, claro, do forte interesse pela cabala”, contextualiza o crítico de música e jornalista Cleber Facchi, do site Miojo Indie.


“Agora eu descobri que mudei de ideia, essa é a minha religião”, canta Madonna em Drowned World/Substitute for Love, que abre o disco. Outros versos indicam mudança de atitude (“nada realmente importa, amor é tudo que nós precisamos”, de Nothing Really Matters) e há, ainda, uma música totalmente em sânscrito, Shanti/Ashtangi. Além da temática, a sonoridade de Ray of Light também demonstrou uma chave de mudança: as músicas são essencialmente eletrônicas, com batidas lentas e etéreas. “No final dos anos 1990, grande parte dos artistas parecia interessado em flertar com referências e temas eletrônicos, como David Bowie (Earthling, 1997) e PJ Harvey (Is This Desire?, 1998). Madonna, não por acaso, decidiu trabalhar em parceria com William Orbit, um dos grandes da música eletrônica na época, dialogando com a obra de Björk, Massive Attack e outros nomes do trip-hop e big beat (diferentes estilos de música eletrônica) que surgiram anos antes”,
explica Cleber.


Além de virada na carreira da cantora, Ray of Light também mexeu com a música que se produzia na época, ajudando o estilo eletrônico a sair do “gueto” das raves e se estabelecer como comercial. O álbum obteve melhores índices de vendas que os anteriores, foi aclamado pela crítica e ainda garantiu quatro troféus no Grammy de 1999, incluindo o de melhor álbum pop. “O disco segue tão influente hoje quanto na época em que foi lançado. Não foram poucos os artistas que citaram o trabalho como uma de suas principais referências, como Adele”, afirma Cleber. Nos últimos 20 anos, Madonna ainda apresentou produções inovadoras, como Confessions on a Dance Floor (2005), mas, na avaliação de Cleber, perdeu força. “Naturalmente me interessa o trabalho dela hoje, porém pouco parece ter sido apresentado como novidade nos últimos anos”, aponta. Recentemente, a cantora afirmou que lançará novo álbum em 2018. A expectativa dos fãs é por novidade, algo que a história do pop comprova que Madonna é mais do que capaz de oferecer.

 

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