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Como os figurinos ajudam a construir personagens no cinema
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Como os figurinos ajudam a construir personagens no cinema

Mais que vestir os personagens, entenda a importância do figurino para construção das narrativas da sétima arte e conheça suas diferentes etapas de criação
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Fazer um filme é um trabalho coletivo e colaborativo, requer processos distintos em cada etapa. Atuação, trilha sonora, roteiro, fotografia e figurino são alguns dos principais fundamentos da construção cinematográfica. O conjunto de elementos visuais como roupas, adereços e acessórios compõem o figurino e contribuem para a materialização dos personagens de uma determinada obra. Partindo dessas referências, qual a importância do figurino na narrativa do cinema?

Janaína Marques, cineasta, explica que todos os elementos que estão inseridos dentro de um quadro, na composição de um plano cinematográfico, estão ali para narrar ou projetar um sentido. Ou seja, nada deve estar no quadro gratuitamente. Dentro desse conceito, o figurino é parte da mise-en-scene, faz parte da produção criada para o filme. Ele colabora no sentido dramático, narrativo, emocional e serve para ajudar a contar a história, localizar determinado tempo, reforçar a estética escolhida pelo diretor. Mas sua maior força está na caracterização dos personagens. “Eu, enquanto espectadora, posso imaginar o passado, o presente e até mesmo o futuro desse personagem por presumir quem é ele ou ela, diante da forma como esse personagem se veste. Por exemplo, imagine uma moradora de rua, que não tem casa, nem família e muito menos um espelho, mas anda pelo Centro de Fortaleza com um salto alto vermelho. Esse simples objeto, que faz parte do figurino, diz muito sobre a personagem”, exemplifica Janaína.

O processo criativo para dar vida às composições visuais parte da leitura do roteiro, quando o figurinista começa a imaginar os personagens, pensar com quem se parecem, como se relacionam, quais seus gostos, hábitos e que lugares frequentam, explica a figurinista Thaís de Campos. “Parto inicialmente das minhas referências pessoais, daquilo que vem da memória, das minhas pesquisas, do meu campo de interesses e da minha vivência. E, sintonizada com as informações que vem do diretor ou da diretora, inicio uma coleta de referências visuais que começa como um trabalho solitário e bem abrangente e que, à medida que vai ganhando corpo, esse banco de imagens vai criando o imaginário sobre o qual a equipe de figurino vai seguir trabalhando. Através dessas imagens algumas tendências vão emergindo e se sobressaindo a outras que vão deixando de ter peso, e assim vamos descobrindo os caminhos para cada personagem: cores, texturas, materiais, formas e linhas.” complementa Thaís.

Personagens definidos e pesquisa feita, o próximo passo é desenvolver a concepção visual dessa figura unindo a caracterização de cabelo e maquiagem até definir uma personalidade. Esse processo criativo é complexo e envolve uma parceria entre direção de arte e fotografia. Nesse momento, todo o estilo visual será desenhado e confeccionado, é o que diz o estilista e cineasta Rodrigo Soares.“Após este trabalho, os croquis começam a ser desenvolvidos e a matéria prima escolhida. Sempre pensando na ligação entre cenário e iluminação. Já que, dependendo do ambiente, a luz que incide sobre uma cor de tecido pode alterá-lo. Com a criação e aprovação dos croquis, é feito um estudo das expressões corporais dos personagens na ambientação. Entra em ação uma equipe de modelista e costureiras para dar vida às peças. Conforme o figurino vai sendo montado, inúmeras provas são feitas, já no corpo do ator, no cenário e com luz para que a entrega seja perfeita”, conta Rodrigo.

 

1948


JOANA D´ARC

Neste ano, surge a premiação do Oscar de Melhor Figurino com duas sub-categorias, figurino preto e branco e figurino colorido. Desenvolvido por Dorothy Jeakins e Karinska, o longa Joana D´Arc foi o primeiro levar o prêmio de melhor figurino colorido.

 

1955


O PECADO MORA AO LADO

Esse vestido se tornou um ícone do cinema. Eternizado por Marilyn Monroe na cena em que é levantado pela corrente de ar do metrô, a peça foi leiloada em 2011 por US$ 5,6 milhões. Confeccionado em chiffon, tecido com caimento perfeito para a cena, há controvérsias sobre a criação. O estilista William Travilla é apontado como o responsável, mas o livro Hollywood Costume: Glamour! Glitter! Romance! diz que ele comprou o vestido feito.

 

1961


BONEQUINHA DE LUXO

O clássico tubinho preto foi usado por Audrey Hepburn no filme de Blake Edwards. A peça foi criada por Givenchy para exibir elegância da mulher norte americana e acabou dando origem ao conceito do “pretinho básico”. Na época, a cor preta só era usada em cerimônias fúnebres.

 

1974


O GRANDE GATSBY

O figurino assinado por Theoni V. Aldredge levou o Oscar naquele ano. A película exibe o charme e estilo da década de 1920 com festas ao ritmo de jazz e das danças charleston e foxtrot. Na trama, as mulheres dançavam e mostravam mais as pernas, já que as saias eram mais curtas.

 

1988

 

LIGAÇÕES PERIGOSAS

Um figurino luxuoso, cheio de volumes, bordados, ondulações e os detalhes característicos da moda no período Rococó exibida pela nobreza das mulheres de Paris. As peças foram assinadas porJames Acheson que levou a premiação do Oscar de Melhor Figurino.

 

1998


TITANIC

Oscar de Melhor Figurino, Deborah Lynn Scott trabalhou com cerca de 50 pessoas durante um ano para confeccionar tudo. Como muitas cenas eram gravadas na água e as roupas precisavam estar secas, foi criado um quarto aquecido para enxugar o figurino entre as cenas.

 

2006

 

MARIE ANTOINETTE

Sem dúvidas, um dos figurinos mais exuberantes para uma rainha. A figurinista italiana Milena Canonero levou seu terceiro Oscar de Melhor Figurino vestindo Maria Antonieta no longa dirigido por Sofia Coppola. Na extravagante e luxuosa indumentária real, muitas cores, várias camadas de saias, babados, chapéus, joias, broches, luvas, flores no cabelo tudo no estilo artísticos Rococó.

 

2012


ANNA KARENINA

Jacqueline Durran trabalhou com mistura de referências da moda vitoriana do século XIX usando vestidos de baile com cintura, saias largas, chapéus com voile, espartilhos, estolas e casacos. Da alta costura, pegou inspiração do New Look criado nos anos 1950, pela Dior.

 

2016


JACKIE

O figurino de Jacqueline Kennedy foi recriado pela francesa Madeline Fontaine a partir dos originais assinados por Oleg Cassini. Foram mais de 300 peças, incluindo icônico tailleur pink, usado por Jackie no momento em que o presidente Kennedy foi assassinado.
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