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Cinema/Crítica: O insulto. Filme trata de um conflito ancestral
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Cinema/Crítica: O insulto. Filme trata de um conflito ancestral

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Um dos fatores que tornam o contexto de imigração tão complexo é a noção de culturas diferentes abrigadas sob a mesma bandeira. Isso vale para sírios na Europa, para venezuelanos no Brasil, para cubanos nos Estados Unidos e para palestinos em Israel. Se aqui, vez por outra, o tratamento gentil vira xenofobia, no Oriente Médio o convívio forçado vem temperado por séculos de guerras e ódio. O longa libanês O Insulto, de Ziad Doueiri, mostra o quanto atos banais podem vir imbuídos de uma raiva por vezes invisível.


Tony (Adel Karam) é um mecânico libanês que vive desde os seis anos em Beirute. Membro do partido cristão, ele abriga um ódio não tão oculto de muçulmanos – e especificamente de imigrantes palestinos. Yasser (Kamel El Basha) é um engenheiro palestino, contratado para as obras de renovação do bairro de Tony. Em uma discussão por conta de uma calha, o libanês joga água no imigrante, que responde de forma ríspida e o conflito cresce até o muçulmano agredir o cristão. A partir daí, O Insulto vira uma obra de tribunal.


É curioso ver o sistema jurídico de um país como o Líbano. O filme tenta quebrar o matiz maniqueista imposto desde o início. Só que é difícil simpatizar com Tony, ainda que ele tenha um lado de razão. O ápice do conflito, no entanto, surge quando o libanês diz: “Quisera eu que Ariel Sharon tivesse exterminado vocês”, em referência ao premiê israelense entre 2001 e 2006, um dos ápices do conflito sionista (entre Israel e Palestina). A base do filme é: O desejo de extermínio de um povo é o suficiente para que uma retaliação violenta seja justificável?


O Insulto trata de um tema complexo e tenta fugir da resposta simples. A conclusão final é lógica e até forte. E talvez excessivamente simplista.
André Bloc

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